Apenas no período entre 2001 e 2017, as empresas transnacionais no México exploraram um volume de ouro que é duas vezes maior do que os espanhóis tinham tirado do México ao longo de 300 anos de colonização e metade da prata explorada pelos colonizadores, indica o livro do jornalista Jesús Lemus, "México a cielo abierto" (México a Céu Aberto, em espanhol), publicado no início do ano corrente.
"Junto com o NAFTA, entrou em vigor uma lei que concedeu às empresas de exploração mineira a liberdade total e preferências em relação a qualquer outra produção", disse à Sputnik Mundo a ativista mexicana Ivette Lacaba.
A partir daquele momento, foram concedidas 22 mil concessões para 1.400 projetos de exploração de recursos mineiros.
Lacaba explicou à Sputnik que, nesse respeito, aconteceu uma mudança na forma da exploração de minas. Agora, não são túneis, mas minas a céu aberto. A forma aberta de exploração consiste em que a terra é dinamitada e se abre uma cratera, de onde o minério se extrai em concentrações baixas.
"Se extrai muito ouro e prata, mas de minas esgotadas ainda na época do colonialismo e onde os metais se extraem do minério. Uma mina de túnel não é a mesma coisa que a céu aberto: a última tem um impacto muito maior no meio ambiente, já que nela se usa muita água e cianeto ou mercúrio para a lixiviação do ouro e da prata", explicou.
A lixiviação é um processo químico altamente tóxico que ajuda o metal a se separar da rocha.
"Há dados sobre que ao longo destes anos foi extraído mais minério do que na época colonial, o que pode ser correto devido ao modo de explorar as jazidas. Porém, isso não pode ser provado na prática, porque hoje em dia não se controla quem extraiu e quanto", especificou a ativista.
Desde 2014, essa produção foi taxada com 7,5% de imposto sobre o material extraído. Ademais, as empresas podem descontar dele as suas despesas operacionais, por isso o valor final não é muito alto.
"Falamos que isto é um roubo a céu aberto, porque é tão barato que fica vantajoso obter 0,4 ou 0,3 gramas de metal precioso por uma tonelada de rocha rebentada", resume Lacaba.
Quando López Obrador se tornou novo presidente do México, apareceu uma esperança que o problema pudesse ser resolvido. Entretanto, as declarações feitas por Alfonso Romo, futuro coordenador do gabinete, que o México viraria "um paraíso para investimentos privados", voltou a baixar as cabeças dos ativistas.