O setor energético é muito sensível às sanções norte-americanas porque os petrodólares continuam sendo a principal divisa mundial. Limitando o acesso aos dólares através do seu sistema financeiro, Washington pode fazer pressão contra os violadores, informou o especialista em energia Vanand Meliksetian, em seu artigo para o portal Oil Price.
As empresas russas, por sua vez, aproveitam a saída da maioria das petrolíferas ocidentais das regiões instáveis, o que significa a diminuição da concorrência. Meliksetian deu como exemplo a cooperação energética entre a Rússia e o Irã. Segundo ele, Moscou realizou transações de troca direta com Teerã mesmo na época das sanções internacionais contra o Irã, quando o petróleo iraniano era trocado por gêneros alimentícios, medicamentos e bens essenciais, evitando assim as restrições financeiras.
Hoje, quando os EUA abandonaram unilateralmente o acordo nuclear iraniano e planejam reimpor as sanções contra o Irã, Moscou e Teerã estão fortalecendo sua cooperação. Os dois países já assinaram um acordo sobre investimentos no setor petrolífero do Irã. Enquanto as empresas ocidentais não querem operar no Irã, as petrolíferas russas estão aproveitando a oportunidade de aumentar sua presença no Oriente Médio.
A instabilidade política e a crise econômica na Venezuela também criaram condições favoráveis para que as empresas russas e chinesas fortalecessem suas posições no país. Com o apoio político dos seus governos, essas empresas não correm um risco de falência nesse país instável.
Entretanto, essa estratégia da Rússia tem suas desvantagens, sublinhou o analista. Canalizando os recursos ao Irã ou, por exemplo, à Síria, a Rússia tira dinheiro da sua própria economia. Além disso, teoricamente, o Teerã pode vir a aproveitar os investimentos russos para aumentar sua influência na região. Na verdade, isso é pouco provável: os iranianos não pretendem agravar as relações com Moscou tendo em consideração que hoje o Irã está isolado. Para o autor do artigo, só o tempo dirá que resultados terá essa estratégia petrolífera da Rússia.