Eliminar da face da Terra
Os primeiros testes na União Soviética foram realizados em Semipalatinsk com a bomba de hidrogênio RDS-6s, mais especificamente a 60 quilômetros de povoados. No entanto, a brilhante bola de fogo de explosão colossal foi vista a 100 quilômetros e o ruído ensurdecedor foi ouvido em áreas ainda mais distantes.
A RDS-6s foi detonada na superfície da terra. A carga foi fixa a uma torre de aço de 40 metros. O sinal para detonação foi soado às 7h30 de 12 de agosto. A nuvem de cogumelo alcançou um quilometro de diâmetro e no epicentro da explosão se formou um funil de oito metros de profundidade com um diâmetro de 40 metros. A maioria dos edifícios e estruturas dentro de um raio de quatro quilômetros foi destruída por uma onda de choque e a contaminação radioativa pôs fim ao uso posterior dos edifícios que restaram.
Foram realizadas mais de 200 explosões nucleares aéreas e terrestres no campo de testes de Semipalatinsk. Os testes continuaram até 1963, quando entrou em vigor o Tratado sobre proibição parcial de testes nucleares na atmosfera, no espaço exterior e sob as águas, passando a ser explodidas apenas debaixo da terra.
O campo de testes, localizado a 130 quilômetros do centro regional, cidade de Semipalatisnk, que mais tarde passou a ser chamado Kurchatov em homenagem ao físico soviético e pai da bomba atômica, Igor Kurchatov, era um enorme território de quase 20 mil quilômetros quadrados. Na cidade, que não estava marcada em nenhum mapa, viviam cientistas e militares.
O triunfo da ciência
Os testes das armas nucleares perto de Semipalatinsk começaram em 1949. A primeira carga de RDS-1 foi de potência relativamente baixa: 22 quilotons. No entanto, o êxito de cientistas nucleares soviéticos quebrou o monopólio norte-americano de armas nucleares. Nos anos seguintes, a URSS desenvolveu bombas muito mais potentes: termonucleares e de hidrogênio. Em agosto de 1953, cientistas sob a liderança de Andrei Sakharov criaram o "artigo RDS-6s".
Os Estados Unidos são considerados o país pioneiro na criação de armas termonucleares. O poder da explosão que teve lugar em 1º de novembro de 1952 no atol de Enewetak, no oceano Pacífico, foi superior a 10 megatons, o que na época era um recorde absoluto.
A criação e os testes bem-sucedidos da bomba de hidrogênio não apenas deram a Moscou uma vantagem contra Washington, mas também contribuíram para o rápido desenvolvimento do setor espacial russo.
Testemunhas involuntárias
O campo de testes de Semipalatinsk funcionou até 1991 e durante este período foram levados a cabo cerca de 470 explosões nucleares. Embora tenham tentado esconder os testes, residentes de Semipalatinsk e povoações circundantes sentiram plenamente as consequências das explosões.
"Toda explosão era como se fosse um pequeno terremoto […] Às vezes, havia explosões tão fortes que vidros saíam das janelas […] Não víamos as explosões, pois eram subterrâneas. Mas, minha mãe, por exemplo, várias vezes viu a nuvem de cogumelo nuclear, quando os testes ainda eram realizados na superfície da terra. As pessoas achavam interessante ver esta ação maravilhosa, mas assustadora", lembra Anna Kondazhenko, que viveu a maior parte da vida em Semipalatinsk.
Segundo a vizinhança, nas povoações próximas ao local dos testes nasciam crianças com deficiências físicas e vacas e ovelhas com duas cabeças.
Após o fechamento do polígono, as autoridades prometeram indenizar os residentes pelas consequências dos testes, mas com o colapso da URSS o programa fracassou, concluiu Protopopov.