Por que governo dos EUA nega o genocídio dos índios?

© AP Photo / David GoldmanDan Nanamkin, da tribo nativa norte-americana em Nespelem, Wash, comemoram com instrumentos uma procissão pelo acampamento Oceti Sakowin nos EUA, em 4 de dezembro de 2016
Dan Nanamkin, da tribo nativa norte-americana em Nespelem, Wash, comemoram com instrumentos uma procissão pelo acampamento Oceti Sakowin nos EUA, em 4 de dezembro de 2016 - Sputnik Brasil
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O historiador norte-americano David Stannard considera que os índios, como resultado das ações de colonizadores, viveram "o holocausto mais longo da história da humanidade". Mas é improvável que as autoridades americanas reconheçam o fato do genocídio, pois eles ainda não pediram desculpas por Hiroshima e Nagasaki.

Em 13 de agosto de 1946, os EUA criaram a comissão federal para estudos das condições de vida dos indígenas. Os americanos ainda estão discutindo a questão sobre se devem considerar os índios como vítimas de genocídio.

Stannard afirma que "Hitler é um filhote em comparação com 'os conquistadores da América'". Nas escolas estadunidenses não é ensinado que foram massacrados 95 dos 114 milhões de habitantes indígenas dos atuais territórios dos Estados Unidos e Canadá como resultado de um holocausto também conhecido como a "guerra dos quinhentos anos".

Além de que essa chacina, conduzida por colonos britânicos e norte-americanos, foi sempre aumentando e era intencional.

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Em 1722, em Boston, foi publicada uma declaração anunciando guerra aos índios. Por cada escalpo indígena (cabeleira arrancada do crânio juntamente com a pele) era oferecido na época o valor de 15 a 100 libras esterlinas. Há evidências de que os colonizadores também usaram armas biológicas, distribuindo cobertores para tribos que foram intencionalmente infectadas com varíola. Este método foi posteriormente usado com sucesso pelo Exército dos EUA.

O colunista da Sputnik, Vladimir Bychkov, citou o tema do desenvolvimento russo da Sibéria e do Extremo Oriente, diferenciando-o da realidade americana. Como é sabido, muitos povos indígenas da Sibéria e do norte da Rússia não possuem uma enzima que decompõe o álcool no organismo, por isso se embriagavam e morriam. Devido a isso, foi emitida uma ordem do governo proibindo a venda de álcool para ao leste e ao norte do lago Baikal.

Nota-se que os alemães nos países bálticos não conseguiam conviver e organizar um diálogo normal com a população local, tal como as autoridades britânicas e colonos também não conseguiram construir uma relação aceitável com os índios. Mantinham apenas uma "política de força, apenas fogo e espada".

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Se os russos fossem um pouco parecidos com eles, então não restaria nenhum povo indígena na Sibéria.

Em 1825, as autoridades americanas adotaram a Doutrina da Descoberta. Ou seja, o direito à propriedade da terra é concedido ao colono que "a descobriu". Já os índios desses territórios, os verdadeiros donos da terra, só poderiam habitar nela, sendo privados do direito de propriedade. Em 1830, foi adotada uma lei sobre o reassentamento dos índios, e em 1867 a lei das reservas.

Além disso, a esterilização em massa de mulheres indígenas em idade reprodutiva também foi usada ativamente.

Tudo isso se assemelha às políticas raciais da Alemanha nazista, onde a nível legislativo foi se inferiorizando gradualmente os que não eram de "raça ariana", transformando-os em pessoas de "segunda classe" e assassinando-os em campos de concentração e em fornos a gás.

A propósito, sobre os campos de concentração, o escritor e historiador norte-americano John Toland escreveu no seu livro "Adolf Hitler": "O conceito de Hitler dos campos de concentração se deve muito a seu estudo da língua inglesa e da história dos Estados Unidos. Ele admirava os campos […] para índios no Velho Oeste, e muitas vezes elogiava, perante o círculo mais chegado, a eficácia do extermínio da população indígena da América."

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Claro que, nos EUA, a maioria dos especialistas e cientistas políticos é contra as afirmações de Stannard e Toland. Eles dizem, em particular, que Stannard não tem nenhuma estatística e que ele não distingue entre a morte violenta e a morte como resultado de doenças — talvez seja uma referência aos cobertores contaminados. Rudolph Rummel, professor da Universidade do Havaí, estima que durante todo o período da colonização europeia, apenas de 2 a 15 milhões de índios foram vítimas do genocídio e não 95 milhões.

No entanto, até as conclusões de Rummel são criticadas, porque os historiadores "ortodoxos" americanos e a opinião pública completamente democrática, por um lado, não negam que os europeus e colonos trouxeram a morte, repressão e sofrimento à população indígena da América, mas, por outro lado, contestam teimosamente que isso foi genocídio.

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