Em julho, guardas-florestais do Parque Nacional de Grand Teton, situado nos limites do Parque Yellowstone, nos Estados Unidos, foram obrigados a fechar diversas áreas ao descobrir que estavam surgindo fissuras nas rochas, publicou o portal Jackson Hole News & Guide. As fissuras possuem em torno de 30 metros de largura e se estendem ao longo de toda a parede rochosa. O risco de erupção do supervulcão volta a atrair a atenção da comunidade internacional.
Mesmo assim, dados da estação sismográfica da Universidade de Utah, Estados Unidos, informaram que uma série de 144 terremotos atingiu a região do supervulcão no dia 11 de agosto.
Em entrevista à Sputnik Mundo, o doutor em ciências geológicas e mineralógicas do Instituto Geológico da Academia de Ciências da Rússia, Vasily Lavrushin, afirma que o Yellowstone se trata de um foco vulcânico jovem e ativo sem indícios se haverá ou não uma erupção, citando como exemplo o vale de gêiseres em Kamchatka, no Extremo Oriente russo, que possui uma quantidade considerável de fontes terminais. De acordo com o especialista, nem mesmo as recentes erupções estão diretamente relacionadas a um possível início de atividade vulcânica na região.
Se a temperatura das fontes e a quantidade de vapor aumentarem bruscamente, isso, sim, pode ser um sinal de ativação, porém, o número de fontes e a temperatura estável não dizem nada.
Segundo Vasily Lavrushin, cientistas podem utilizar o vulcão Yellowstone como uma grande fonte de energia geotérmica, citando que nos anos 60 e 70 essa energia foi utilizada na Islândia, na região russa de Kamchatka, Nova Zelândia e Japão, onde há áreas vulcânicas ativas. Necessitando apenas de clientes para entender a rentabilidade econômica, o especialista acrescenta ser necessário considerar as características da temperatura dos sistemas.
A possibilidade de evitar o cataclismo global através da utilização do Yellowstone como uma espécie de usina termoelétrica provocaria o resfriamento de parte do foco magmático. Não há dúvidas de que possa haver muita potência através de um grande foco vulcânico e talvez seja realmente possível construir algum tipo de estação geotérmica, porém é um modelo que sempre possui, mesmo que seja pequena, uma probabilidade de que não seja completamente certo, destaca.
Vasily Lavrushin acredita que se tratar realmente de um supervulcão com raízes profundas de várias centenas de quilômetros no manto, então sim, isso poderia resolver algo. Isso pode ocorrer em formações vulcânicas pequenas, nas quais, em termos gerais, ao se resfriar, a câmara magmática próxima à superfície estabiliza a formação. Porém, em se tratando de um supervulcão que se alimenta a grandes profundidades, com mais de 10, 15 ou 20 km, a criação de usina seria uma afirmação ousada, disse Lavrushin.
A atividade vulcânica na região da Caldeira do Yellowstone é monitorada por geofones, que monitoram as fontes terminais, embora estes equipamentos não possuam uma tecnologia 100% aprovada para diagnosticar erupções.