O próximo passo de Pequim na retaliação contra as tarifas de Washington pode vir sob forma de regras não escritas aplicadas às empresas estadunidenses que operam na China, alerta o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, sigla em inglês) em seu último relatório.
Isso torna a entrada no mercado chinês um pouco mais complicada para todas as empresas estrangeiras, pois elas não apenas são forçadas a adaptar seus produtos, mas também precisam revelar dados confidenciais, esquemas e partes do código-fonte para passar a certificação. Embora não seja especialmente problemático para as empresas domésticas, as empresas estrangeiras não compartilharão voluntariamente dados confidenciais sobre seus produtos, ressaltou o CSIS.
O relatório observa que a formulação vaga nesses padrões permite que Pequim os manipule a fim de atrasar e negar a certificação para empresas norte-americanas, impedindo que novas empresas venham para a China e até mesmo forçando as que já têm um negócio bem-sucedido no país a sair. O CSIS afirma em seu relatório que esses padrões também podem se tornar uma moeda de barganha nas negociações entre Pequim e Washington.
As relações entre os EUA e a China despencaram depois que Washington impôs uma série de tarifas sobre produtos chineses, citando práticas comerciais desleais de Pequim que supostamente prejudicaram os saldos comerciais dos EUA.
Em 15 de junho, Trump anunciou que uma tarifa de 25% seria imposta sobre US$ 50 bilhões (R$ 195 bilhões) em produtos chineses. Mais tarde, em julho, os EUA introduziram mais taxas contra US$ 34 bilhões (R$ 132,6 bilhões) em importações chinesas. Recentemente, a Casa Branca prometeu impor tarifas adicionais de 25% sobre US$ 16 bilhões (R$ 62,4 bilhões) em produtos chineses a partir de 23 de agosto.
Pequim reagiu com medidas corajosas, como as tarifas sobre importações no valor de US$ 60 bilhões (R$ 234,1 bilhões) dos EUA, incluindo gás natural liquefeito (GNL) e aviões.