Ex-vice-presidente uruguaio: avanço progressista na América Latina abala interesses de EUA

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O ex-vice-presidente do Uruguai, Raúl Sendic, falou em entrevista à Sputnik da atual situação política no continente, bem como das campanhas de desestabilização e difamação contra os líderes e governos sul-americanos.

"Desde que foi revelada a existência do famoso Plano Atlanta, que buscava a desestabilização dos governos de esquerda na América Latina, cada dia fica mais claro como este plano foi implementado em cada um dos países", afirmou Sendic à Sputnik Mundo.

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"Tal se efetuava através de partidos políticos ou alianças com determinadas camadas sociais e através das redes sociais, da mesma forma que na época da Primavera Árabe. Ultimamente a democracia na América Latina está enfraquecida. Não podemos dizer que é saudável, trata-se de uma situação complicada", acrescentou.

"É evidente que o período do avanço progressista na América Latina afetou fortemente os interesses de algumas potências mundiais. Os EUA não puderam permanecer indiferentes a um avanço tão importante como o chamado BRICS, que buscava vias alternativas para favorecer o desenvolvimento dos países do terceiro mundo", destacou Raúl Sendic.

De acordo com ele, do lado econômico, Washington procurava reduzir as receitas dos países desses países desvalorizando suas exportações e impondo limitações aos investimentos nesta região. Além disso, na área política desenvolveram uma feroz campanha de desestabilização através das mentiras transmitidas pela mídia que jogava a seu favor, das redes sociais e da "judicialização" da política.

"A maior parte dos projetos estatais que se desenvolveram no continente sul-americano decorreram à custa da classe média, dos profissionais e trabalhadores. Por isso eles se aproveitaram do descontentamento nestas camadas da população a fim de encontrar uma base social que apoiasse esta insurgência que teve lugar em países tais como a Nicarágua, Venezuela e em certo momento no Brasil."

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"Eu procurei efetuar esta análise de forma objetiva, tentando não me envolver neste processo, mas eu, sem dúvidas, pessoalmente vivi mais de dois anos de uma campanha informacional furiosa, além de investigações parlamentares e a nível da Justiça e denúncias de todo o tipo. Os preconceitos a nível da imprensa e da opinião pública eram horríveis", assinalou.

"Na América Latina e por todo o mundo está surgindo o fascismo de forma absolutamente desmascarada. Pela primeira vez, surgiu abertamente na Europa, depois nos EUA, onde recentemente se deu uma manifestação em frente da Casa Branca, e surgiram traços de fascismo na América Latina. Em algumas camadas da sociedade começa a se manifestar uma rejeição dos pobres e dos imigrantes, como se fossem culpados por sua situação", ressaltou o político.

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