'Alianças políticas': Rota da Seda chinesa poderá cruzar América Latina

© AP Photo / Elizabeth Dalziel, FileContainer terminal in the port of Dalian, China
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A China incluiu a América Latina no projeto de investimentos e intercâmbios econômicos.

O projeto comercial chinês, denominado Um Cinturão, Uma Rota, visa criar uma conexão entre Europa, Ásia Central, Oriental e Meridional, Oriente Médio e também a América Latina, segundo o artigo publicado no RT.

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Esteban Zottele e Wei Qian, pesquisadores do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Changzhou, observaram que essa iniciativa visa consolidar "um círculo virtuoso entre a China e os países da região".

Relacionamento preferencial

Segundo o analista de assuntos internacionais, José Antonio Egido, a América Latina ocupa um lugar preferencial em relação aos "planos estratégicos de desenvolvimento econômico da China". 

"Não só pelos recursos naturais e matérias-primas, mas porque é uma área de alianças políticas com os países que estão na mesma situação que a China antes de sua revolução", acrescentou.

O programa estratégico chinês foi lançado em novembro de 2016, logo depois da vitória eleitoral de Donald Trump e abrange diversos aspectos econômicos, comerciais, de infraestrutura, cooperação estatual, segurança e até aeroespacial para a América Latina e Caribe.

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A rota

A cooperação que inclui a América Latina e Caribe é parte da expansão do plano de estabelecer uma Faixa Econômica da Rota da Seda proposto pelo presidente chinês Xi Jinping em setembro de 2013.

A expectativa do governo da China é que a rota já esteja em estágio operacional até 2049, quando se completam 100 anos da fundação da República Popular da China.

Contribuições

Além dos investimentos econômicos oferecidos para modernizar a infraestrutura de transporte e a interconectividade regional, o governo chinês também pretende gerar melhor distribuição de renda, redução da pobreza e da criminalidade, aumento do emprego e uma nova distribuição das economias dos países envolvidos.

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Passo a passo

Desde 2014, alguns meses depois do anúncio do projeto comercial, o governo de Xi Jinping estabeleceu o Fundo da Rota e, em 2016, fundou o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB, sigla em inglês) – uma instituição bancária aderida por 57 países, incluindo Brasil, Bolívia, Chile, Peru e Venezuela.

O volume comercial entre a China e a América Latina aumentou em mais de 20 na última década, chegando a US$ 236,5 bilhões em 2015.

Apenas comércio

A inclusão da América Latina neste projeto esbarra nos interesses dos Estados Unidos, que considera a região como sendo seu quintal.

Segundo a jornalista e escritora argentina Telma Luzzani, o interesse principal da China é fazer "bons negócios, prover-se com recursos naturais e minerais que a região tem e eles precisam".

Quem domina na região?

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Luzzani observa que os militares norte-americanos se empenham em deixar claro que os EUA têm "o objetivo de expulsar a China da região". Um sinal disso foi a recente turnê do secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, a países da América Latina. 

Ela explicou que os Estados Unidos apelam para o velho discurso de que "compartilham os mesmos valores democráticos da América Latina, enquanto a China e a Rússia não".

O fato é que o projeto chinês está ganhando a adesão de países latino-americanos porque, segundo José Antonio Egido, a "China oferece aos governos a oportunidade de obter financiamento sem os endividamentos que envolvem condições tradicionais do Fundo Monetário Internacional".

"Sem dúvida, que a China vai lutar por esse espaço comercial", conclui Telma Luzzani.

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