De acordo com Jatras, não é a questão da compatibilidade dos S-400 com os sistemas da OTAN que preocupa Washington, uma vez que muitos países do bloco já adquiriram equipamentos militares de diferentes fornecedores.
Mais cedo, os Estados Unidos não excluíram a imposição de sanções contra os países que quisessem comprar sistemas de defesa antiaérea S-400 Triumf russos, como afirmou a representante oficial do Departamento de Estado dos EUA, Heather Nauert.
Já o especialista militar russo, Aleksei Leonkov, explicou que desta forma os Estados Unidos estão lutando para manter sua liderança no mercado de armamentos.
"Eles perdoam alguns e punem outros. Quando jogam assim, um porrete e depois uma cenoura, fica claro que estão lutando pelos mercados", disse o analista.
Outro cientista político militar e chefe da Cátedra de Ciência Política e Sociologia na Universidade de Economia Plekhanov, Andrei Koshkin, acredita que mesmo no contexto da atual política de sanções os EUA não vão perder seus aliados, sendo que eles "dependem economicamente dos EUA".
Duplos padrões?
Enquanto isso, Washington está disposta a fazer uma exceção para a Índia, que pretende fechar um acordo de compra de sistemas de defesa antiaérea S-400 russos até o final de 2018.
De acordo com o projeto de novo orçamento de defesa assinado pelo presidente Donald Trump em agosto, é adequado fazer uma exceção para os países que procurem reduzir sua dependência da Federação da Rússia ou expandir a cooperação com os EUA e sejam capazes de provar que eles não tentam minar os interesses de Washington.
Segundo analisa Koshkin, ao ameaçar com sanções, mas fazendo exceções para alguns Estados, os EUA estão criando uma configuração particular de geopolítica.
"Estas sanções e guerras comerciais já estão causando a criação de uma espécie de eixo entre a Turquia, Rússia, Irã e China. Se ainda incluirmos a Índia, não seria nada bom para os EUA. Além disso, devemos entender que, tradicionalmente, a Índia comprava armas ainda à URSS ", disse o analista.
"Os americanos entendem tudo, mas estão dispostos a perdoar e fechar os olhos a este acordo para continuar a influenciar a Índia", concluiu Koshkin.