- Sputnik Brasil
Notícias do Brasil
Notícias sobre política, economia e sociedade do Brasil. Entrevistas e análises de especialistas sobre assuntos que importam ao país.

'Bom senso ganhou': especialistas comentam diretiva de Trump em relação ao aço brasileiro

© Foto / Pixabay / jarmolukProdução da folha de aço (foto referencial)
Produção da folha de aço (foto referencial) - Sputnik Brasil
Nos siga no
Ontem (29), o presidente estadunidense Donald Trump assinou decretos que permitem contornar as cotas para a importação de metais aos EUA de alguns países, inclusive do Brasil. A Sputnik falou com vários especialistas para entender quais foram os motivos desta decisão do político norte-americano.

De acordo com as diretivas, o secretário do Comércio dos EUA, após acordar com os chefes do Departamento de Estado, do Departamento do Tesouro e do Departamento da Defesa, obtém o direito de conceder exceções nas cotas de fornecimento de aço e alumínio para tais países como a Coreia do Sul, o Brasil e a Argentina. Deste modo, as importações destes países não terão impostas nenhumas tarifas.

O presidente dos EUA, Donald Trump, conversa com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, na chegada entrada da Ala Oeste da Casa Branca, em Washington, EUA, em 16 de maio de 2017. - Sputnik Brasil
EUA dobram tarifas sobre importações de aço e alumínio da Turquia
Vale ressaltar que os compradores estadunidenses podem solicitar tais exceções só no caso de não poderem garantir suas necessidades através dos produtores nacionais.

Anteriormente, em 23 de março, os EUA introduziram novas tarifas sobre a importação de aço e alumínio (25% e 10%, respectivamente). Em resposta, uma série de países anunciou medidas de retaliação econômica.

Em uma conversa com o serviço russo da Rádio Sputnik, o cientista político e diretor do Clube de Ciências Políticas de Moscou, Yevgeny Ben, explica que o motivo inicial para a imposição de tarifas globais sobre esses produtos foi a intenção norte-americana de ampliar sua produção de aço e alumínio.

"Mas, pelo visto, o bom senso ganhou. Trump entende que tem algum limite e, provavelmente, não quer travar uma guerra comercial com todo o mundo. [A questão é que] o Brasil, a Argentina e a Coreia do Sul ainda não introduziram contramedidas simétricas. Por isso, para os países que fizeram uma pausa e manifestaram, na opinião dos EUA, uma grande discrição em relação às medidas de resposta, foi possível [aplicar] um abrandamento", opinou.

Para Ben, nesta situação o presidente dos EUA está manifestando uma certa "flexibilidade" e "capacidade de manobra" a despeito de toda a dureza da sua postura.

O docente do Departamento de Ciências Políticas do Instituto de Finanças junto ao Governo da Rússia, Gevorg Mirzayan, partilha a opinião do seu colega.

Dólar atinge maior cotação em dez anos - Sputnik Brasil
Manipulador de moedas: Trump está levando o dólar à desvalorização
"As relações dos EUA com muitos aliados deles estão estragadas, e Trump se deu conta que, primeiro, isso não é muito vantajoso para os EUA e, segundo, se travar uma guerra comercial ou pressionar todos em todas as esferas, de fato se pode perder o fôlego muito depressa", disse. "Por isso, Trump, digamos, percebeu a necessidade de concentrar sua atenção em, digamos, países mais desagradáveis através de uma guerra comercial… e só depois lidar com os outros", acrescentou.

Ainda de acordo com outro cientista político do mesmo instituto, Pavel Salin, o passo de Trump é a ilustração do caso "em que a economia vence a política".

"Primeiro, Washington afirma que se norteia exclusivamente por motivos políticos, são impostas sanções, restrições, tarifas. Depois, fica claro que isso abala inclusive a economia americana e gradualmente, passo a passo, se fazem exceções", explica.

"Vamos tomar o exemplo do alumínio. À primeira vista, as tarifas do alumínio eram introduzidas no interesse da indústria norte-americana, inclusive contra o Canadá. E agora se revela que na empresa Alcoa, formalmente norte-americana, mas de fato americano-canadense, a parte leonina dos fatores de produção fica no Canadá […] Ou seja, vão jogar para trás", observou.

Salin acrescentou que no futuro se pode esperar também a introdução de mais exceções, além das recém-anunciadas, quando isso "for vantajoso" para os EUA.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала