De acordo com as diretivas, o secretário do Comércio dos EUA, após acordar com os chefes do Departamento de Estado, do Departamento do Tesouro e do Departamento da Defesa, obtém o direito de conceder exceções nas cotas de fornecimento de aço e alumínio para tais países como a Coreia do Sul, o Brasil e a Argentina. Deste modo, as importações destes países não terão impostas nenhumas tarifas.
Anteriormente, em 23 de março, os EUA introduziram novas tarifas sobre a importação de aço e alumínio (25% e 10%, respectivamente). Em resposta, uma série de países anunciou medidas de retaliação econômica.
Em uma conversa com o serviço russo da Rádio Sputnik, o cientista político e diretor do Clube de Ciências Políticas de Moscou, Yevgeny Ben, explica que o motivo inicial para a imposição de tarifas globais sobre esses produtos foi a intenção norte-americana de ampliar sua produção de aço e alumínio.
"Mas, pelo visto, o bom senso ganhou. Trump entende que tem algum limite e, provavelmente, não quer travar uma guerra comercial com todo o mundo. [A questão é que] o Brasil, a Argentina e a Coreia do Sul ainda não introduziram contramedidas simétricas. Por isso, para os países que fizeram uma pausa e manifestaram, na opinião dos EUA, uma grande discrição em relação às medidas de resposta, foi possível [aplicar] um abrandamento", opinou.
Para Ben, nesta situação o presidente dos EUA está manifestando uma certa "flexibilidade" e "capacidade de manobra" a despeito de toda a dureza da sua postura.
O docente do Departamento de Ciências Políticas do Instituto de Finanças junto ao Governo da Rússia, Gevorg Mirzayan, partilha a opinião do seu colega.
Ainda de acordo com outro cientista político do mesmo instituto, Pavel Salin, o passo de Trump é a ilustração do caso "em que a economia vence a política".
"Primeiro, Washington afirma que se norteia exclusivamente por motivos políticos, são impostas sanções, restrições, tarifas. Depois, fica claro que isso abala inclusive a economia americana e gradualmente, passo a passo, se fazem exceções", explica.
"Vamos tomar o exemplo do alumínio. À primeira vista, as tarifas do alumínio eram introduzidas no interesse da indústria norte-americana, inclusive contra o Canadá. E agora se revela que na empresa Alcoa, formalmente norte-americana, mas de fato americano-canadense, a parte leonina dos fatores de produção fica no Canadá […] Ou seja, vão jogar para trás", observou.
Salin acrescentou que no futuro se pode esperar também a introdução de mais exceções, além das recém-anunciadas, quando isso "for vantajoso" para os EUA.