Na semana passada, a empresa francesa Total saiu oficialmente do Irã após não ter conseguido convencer Washington a autorizá-la a trabalhar com companhias iranianas, deixando livre uma grande participação em um dos maiores campos de gás do mundo, o South Pars. Não há dúvida que a China National Petroleum Corporation (CNPC, Corporação Nacional de Petróleo da China) fará todo o possível para obter as ações da Total, opina o colunista do jornal russo Expert, Sergei Manukov.
Nos últimos anos, as companhias de energia chinesas investiram vários bilhões em ativos no Iraque, Emirados Árabes Unidos e Irã. As empresas chinesas mostram muito interesse nos recursos energéticos da Arábia Saudita e Qatar, assim como na modernização de uma refinaria de petróleo iraniana, avaliada em 1,5 bilhões de dólares.
Embora as posições das empresas americanas e europeias no Oriente Médio continuem sendo fortes, há muitos fatores além das sanções que beneficiam a China, acredita o colunista.
Segundo Manukov, os países europeus que possuem empresas energéticas dependem muito menos do combustível do Oriente Médio do que a China, cujas importações de petróleo quase duplicaram nos últimos 10 anos. O consumo de gás também está crescendo após Pequim ter mudado a política ecológica, optando por gás "limpo" em vez de carvão "sujo".
O colunista opina que os 50,1% das ações do projeto conjunto do South Pars, que agora pertencem à Total, passarão para seus sócios: a CNPC chinesa e a Petropars iraniana.
Ao mesmo tempo, em maio, a gigante de petróleo chinesa Sinopec enviou ao Irã uma delegação para completar a transação, avaliada em 3 bilhões de dólares, com vista ao desenvolvimento do campo de petróleo de Yadaravan, substituindo assim a anglo-holandesa Royal Dutch Shell, que abandonou o Irã em meio às sanções americanas.
Concluindo, Manukov sublinha que a presença da China no Irã é cada vez maior: as empresas chinesas estão criando companhias conjuntas com parceiros iranianos para construir ferrovias, linhas de metrô e fábricas de automóveis, enquanto as lojas iranianas já estão cheias de produtos chineses.