Após o fim da Guerra Fria, o governo russo reconheceu que no período de 1968 a 1987 tinham ocorrido sete incidentes de colisões entre submarinos soviéticos e inimigos. Os EUA, por sua vez, reconheceram nove tais incidentes entre 1965 e 1975.
Iain Ballantyne, autor do livro The Deadly Trade: The Complete History of Submarine Warfare from Archimedes to the Present Day (Comércio mortífero: a história completa da guerra submarina desde Arquimedes até aos dias de hoje), disse que o USS Gudgeon, um submarino norte-americano da classe Tang, foi perseguido por navios soviéticos durante 30 horas e quase afundou depois de tentar espiar o porto russo de Vladivostok.
"Eu entrevistei tripulantes de submarinos que estiveram envolvidos em situações complicadas debaixo de água durante a Guerra Fria, em particular a colisão entre o submarino nuclear britânico Warspite e um navio de mísseis guiados da Marinha soviética da classe Echo II em finais dos anos 1960. Esse encontro poderia ter resultado em que algum desses navios ficasse no fundo do mar de Barents, mas felizmente ambos regressaram a casa em segurança, apenas um pouco amassados", contou Ballantyne.
No entanto, a Marinha Real Britânica nunca reconheceu nenhumas colisões, mas Iain Ballantyne afirma que elas tiveram lugar.
O autor destacou também vários casos de desaparecimentos misteriosos de submarinos.
Em 1968 um submarino soviético e um norte-americano desapareceram com dois meses de intervalo, provocando o receio de ter havido uma retaliação. Os destroços do USS Scorpion norte-americano foram encontrados mais tarde no fundo do Atlântico Norte, mas o K-129 soviético e seus 100 tripulantes desapareceram sem deixar vestígios.
Segundo ele, as condições da Guerra Fria exigiam um sigilo rigoroso, o que era extremamente importante, especialmente para os tripulantes de submarinos, já que os movimentos de seus navios eram invisíveis. Era proibido contar a alguém sobre o seu serviço sob pena de punição severa.
Isso era uma "guerra sem combates, sem monumentos", como fala um capitão no filme A Caçada ao Outubro Vermelho.
Em 1969 ambas as partes gastavam mais de US$ 50 milhões (R$ 207 milhões) por dia para criar sistemas de armas nucleares, inclusive mísseis lançados por submarinos. Tinha lugar uma corrida armamentista que sorvia montes de dinheiro e outros recursos de ambas as partes, mas no fim "foi a União Soviética que se desmoronou por causa de seu modelo econômico mais fraco", comenta Ballantyne.
"A União Soviética ficou exausta", afirma ele, alegando às suas visitas ao país naquele período.
Até hoje os submarinos continuam a ser cruciais na guerra moderna, o que pode ser comprovado pelos grandes gastos dos países. Por exemplo, o governo britânico destinou bilhões de dólares para a elaboração dos novos submarinos da classe Dreadnought.
"O espectro de um mundo ao estilo do Exterminador, destruído pelas máquinas, onde os humanos se apressam a encontrar abrigos, enquanto drones os massacram sem piedade, paira sobre nós", disse Ballantyne.
Segundo um especialista militar entrevistado por Ballantyne, submarinos poderão ser navios-mãe para drones. Agora, os torpedos que são capazes de pensar de forma independente, quando se aproximam do alvo, são de fato drones que já existem por décadas.
"Olhando para o escopo completo de submarinos, o elemento humano é vital, pois usar os submarinos para fazer a guerra é uma questão de escolhas morais também. Alguns submarinistas conduziram a guerra impiedosamente, mas alguns também mostraram humanidade, às vezes salvando vidas das pessoas que navegavam a bordo dos navios que eles acabaram de afundar. Os drones não farão isso sem serem programados", disse Ballantyne à Sputnik Internacional.