Os que propuseram a medida acreditam que isso possa evitar que mais pessoas sofram abusos de policiais em busca de suborno, prática considerada comum no local, conforme conta a Associated Press (AP). Já os críticos acreditam que a proposta pode encorajar mais pessoas a cometerem atos sexuais em frente a estranhos nas ruas.
A mudança no código de atuação dos policiais continua considerando o ato sexual público uma ofensa administrativa, que pode levar à detenção e multas. No entanto, a orientação aprovada este mês pelo governo local é de que só haja abordagem caso os policiais recebam reclamação de terceiros.
Morfin também não acredita que isso irá encorajar mais pessoas a fazerem sexo nas ruas. "Ninguém quer que haja pessoas fazendo sexo em público em frente a meninos e meninas", disse ela.
Já Livier Martins, do conservador Partido da Ação Nacional, a única a votar contra a lei, acredita que há outras formas de combater a corrupção. Para ela, a alteração desrespeita o código civil do estado de Jalisco, especificamente os artigos sobre moralidade e exibicionismo.
"Eu não compreendo a ideia de limitar a ação policial para prevenir um crime", afirmou. Martins acredita que a medida possa criar confusão entre os policiais.
Não há estatísticas confiáveis que mostrem o quanto essa ocorrência é comum, pois esse tipo de caso raramente chega ao sistema judiciário. Ao contrário, eles costumam ser resolvidos nas ruas através do suborno aos policiais.
Segundo a AP, há histórias de policiais exigindo propina inclusive em casos de casais que apenas estavam se beijando.
"Às vezes eles não estão nem fazendo sexo em público, apenas se beijando ou coisas assim. Mas eles [os policiais] fazem isso para ganhar dinheiro, tirar vantagem disso", afirmou à AP Andrea Quintana, uma estudante de Guadalajara. "Então eu acredito que é bom que agora eles tenham que ter prova de que alguém realmente está fazendo algo errado".