O documento, que abrange mais de 200 páginas e se chama "Manipulação de informações: desafio a nossas democracias", foi elaborado pelo Centro de Análise, Prognóstico e Estratégia da chancelaria e pelo Instituto de Pesquisa Estratégica do Ministério da Defesa da França.
Ao mesmo tempo, os autores sublinham que o relatório não reflete a postura oficial do governo francês e não apresenta a postura final, que ainda será sujeita à análise de professionais.
O relatório apresenta o total de 50 recomendações, desde os conselhos "de caráter global" até as recomendações a certos países, sociedade civil e pessoas físicas. O ponto número 19 se chama "Marginalizar os órgãos estrangeiros de propaganda".
"Primeiro, vale chamá-los pelo nome. […] E depois […] não credenciá-los para as coletivas organizadas para os jornalistas", aconselham os autores do documento.
No que se trata da proposta de "chamá-los pelo nome", cita-se a declaração feita pelo presidente francês Emmanuel Macron em Versalhes, durante a coletiva junto com Vladimir Putin, na qual o líder francês, sem apesentar quaisquer provas, acusou a Sputnik e o RT de "muitas vezes terem criado mentira sobre ele e sua campanha" durante a corrida presidencial.
A recusa de credenciamento aos jornalistas destes veículos é argumentada por "estas mídias estarem fazendo não peças jornalísticas, mas propaganda". O documento não apresenta critérios para distinguir o jornalismo de propaganda.
Além disso, o documento não chega a apresentar quaisquer provas reais da citada "intervenção" da Rússia nos processos políticos no Ocidente: os autores se limitam a suas próprias considerações e acusações sem evidências.
Nos últimos anos, a situação em torno das mídias russas no Ocidente vem se tornando cada vez mais complexa. Em novembro do ano passado, o Parlamento Europeu adotou a resolução que fala da necessidade de oferecer resistência a elas, enquanto a Sputnik e o RT são citados como maiores ameaças.
Uma série de políticos ocidentais, inclusive Macron, bem como senadores e congressistas norte-americanos, acusam a Sputnik e o RT de terem interferido nas eleições nos EUA e na França, mas nunca apresentaram quaisquer provas. Moscou, por sua vez, considera essas declarações infundadas.