Vários dias atrás, foi comunicado que Pequim planeja substituir todas as suas importações de soja norte-americana pela brasileira, como clara consequência da guerra das tarifas sino-americana.
Ao mesmo tempo, na semana passada o presidente estadunidense Trump assinou um decreto sobre as exceções ao aumento de tarifas sobre a entrada de aço e alumínio estrangeiros, incluindo na lista o Brasil, entre outros, bem como a Argentina e a Coreia do Sul.
"[O fato de Trump] ter escolhido esses países foi motivado por considerações de logística; quanto à Coreia do Sul, a motivação deveria ser mais política do que econômica", observa a especialista, se referindo, pelo visto, ao crescente engajamento norte-americano no processo de paz na península coreana.
Nesta situação complicada, surgem dúvidas se o Brasil, bem como qualquer outro país, será capaz de encontrar um balanço entre as duas potências em confronto. De acordo com Alina Scherbakova, a chance de Washington abolir os respectivos benefícios devido à cooperação cada vez mais estreita entre Pequim e Brasília existe realmente.
"Claramente, os EUA podem cancelar as citadas facilidades para o Brasil por motivos políticos, mas o último provavelmente vai preferir desenvolver as relações com a China, pois o volume do comércio brasileiro com este país, segundo dados de 2017, é muito maior que com os EUA [US$ 47 bilhões contra US$ 27 bilhões, respetivamente]. No que se trata da soja, esta parte das exportações para a China também supera muito em seu valor as exportações da produção de aço e alumínio brasileira aos EUA", diz a pesquisadora.
Todos os processos descritos fazem pensar que o estreitamento dos laços entre os países BRICS vai se desenvolver a ritmos cada vez maiores, em um ímpeto ironicamente dado pela própria Washington.
"As relações econômicas entre os países dos BRICS estão em ascensão e seu desenvolvimento entrou na pauta muito antes de Trump vencer as presidenciais nos EUA. Por isso não chamaria o atual rumo político estadunidense de uma razão óbvia para esses processos, porém, claro que as ações americanas são, em um certo sentido, um catalizador para a diversificação das políticas de comércio externo das nações integrantes do bloco", resume a interlocutora da Sputnik.