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'Vazio de poder gerado no governo de Temer foi preenchido por militares'

© Valter Campanato/Agência BrasilSoldados reforçam a segurança do Palácio do Planalto por determinação do presidente Michel Temer
Soldados reforçam a segurança do Palácio do Planalto por determinação do presidente Michel Temer - Sputnik Brasil
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Falando sobre a corrida eleitoral no Brasil, o sociólogo argentino Ariel Goldstein opinou em entrevista à Sputnik Mundo que o fato de os militares não terem sido julgados pelos crimes cometidos na época da ditadura, influencia a ingerência antidemocrática das forças armadas nos assuntos do país.

No domingo (9), o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse à mídia que o atentado contra o candidato Jair Bolsonaro mostra que "estamos agora construindo dificuldades para que o novo governo tenha uma estabilidade" e que "a legitimidade do novo governo pode até ser questionada".

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Especializado em assuntos brasileiros, Goldstein comentou as declarações do comandante, sublinhando o apoio que Jair Bolsonaro tem do Exército.

"O candidato ultradireitista Jair Bolsonaro tem apoio do Exército e faz uma reivindicação aberta da ditadura. O vazio de poder gerado no governo de Michel Temer foi preenchido por militares. Influenciando no fato dos crimes da ditadura não terem sido julgados", opinou o interlocutor, doutor em Ciências Sociais e autor do livro "Prensa tradicional y liderazgos populares en Brasil" (Prática tradicional e Lideranças populares no Brasil).

O analista acredita que não apenas os militares, mas também a justiça está exercendo influência sobre a vida política e eleitoral do Brasil.

"O poder judicial interfere cada vez mais e decide o que somente pode decidir o povo — o único soberano. Isso mostra que no Brasil há um certo estado de exceção", disse à Sputnik Mundo.

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Goldstein analisou também o desempenho dos candidatos antes das presidenciais de 7 de outubro e a situação de Fernando Haddad, partidário de Luiz Inácio Lula da Silva e provável candidato do PT, se a justiça contestar o direito do ex-presidente de se candidatar.

"Lula sobe nas pesquisas [mesmo] estando preso e sem fazer campanha. Haddad não precisa herdar todo o capital político de Lula. Com pouco, já estaria no segundo turno. Um cenário entre Haddad e Bolsonaro é bom para o PT, porque há uma alta rejeição a Bolsonaro entre as mulheres e na sociedade em geral", afirmou.

Comentando o papel da mídia, Golstein frisou que neste fim de semana houve um ataque contra um candidato a deputado pelo Partido dos Trabalhadores e quase nenhuma mídia o cobriu. Enquanto isso, destacou, o suposto atentado contra Bolsonaro foi repetido de modo contínuo durante mais de 48 horas.

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