No domingo (9), o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse à mídia que o atentado contra o candidato Jair Bolsonaro mostra que "estamos agora construindo dificuldades para que o novo governo tenha uma estabilidade" e que "a legitimidade do novo governo pode até ser questionada".
"O candidato ultradireitista Jair Bolsonaro tem apoio do Exército e faz uma reivindicação aberta da ditadura. O vazio de poder gerado no governo de Michel Temer foi preenchido por militares. Influenciando no fato dos crimes da ditadura não terem sido julgados", opinou o interlocutor, doutor em Ciências Sociais e autor do livro "Prensa tradicional y liderazgos populares en Brasil" (Prática tradicional e Lideranças populares no Brasil).
O analista acredita que não apenas os militares, mas também a justiça está exercendo influência sobre a vida política e eleitoral do Brasil.
"O poder judicial interfere cada vez mais e decide o que somente pode decidir o povo — o único soberano. Isso mostra que no Brasil há um certo estado de exceção", disse à Sputnik Mundo.
"Lula sobe nas pesquisas [mesmo] estando preso e sem fazer campanha. Haddad não precisa herdar todo o capital político de Lula. Com pouco, já estaria no segundo turno. Um cenário entre Haddad e Bolsonaro é bom para o PT, porque há uma alta rejeição a Bolsonaro entre as mulheres e na sociedade em geral", afirmou.
Comentando o papel da mídia, Golstein frisou que neste fim de semana houve um ataque contra um candidato a deputado pelo Partido dos Trabalhadores e quase nenhuma mídia o cobriu. Enquanto isso, destacou, o suposto atentado contra Bolsonaro foi repetido de modo contínuo durante mais de 48 horas.