Lançada no último dia 30, a página conseguiu atrair, em pouco mais de duas semanas, mais de 2,5 milhões de mulheres indignadas com o que afirmam ser um comportamento machista e misógino do deputado federal Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República. Nesta madrugada, no entanto, o grupo foi alvo de um ataque cibernético, que levou o Facebook a suspender o seu funcionamento temporariamente.
Invadiram e deletaram o grupo com mais de 2 milhões de mulheres contra o candidato Bolsonaro. Isso é tentativa de silenciamento. É também desespero de quem tá vendo que as mulheres são um muro pra eleição do Bozo. Não irão nos intimidar #EleNunca
— Não Me Kahlo (@NAOKAHLO) 16 de setembro de 2018
De acordo com o El País, desde a última sexta-feira, já havia sinais da ofensiva contra a mobilização na Internet, com invasões de contas e ameaças contra moderadoras e administradoras da página, como a de divulgar seus dados pessoais na rede.
Ao saber do ocorrido, diversas personalidades e internautas em geral, homens e mulheres, se manifestaram nas redes sociais demonstrando indignação com o ocorrido.
Hackearam o grupo das mulheres contra Bolsonaro do FB
— Luiz Guilherme Prado (@luizguiprado) 16 de setembro de 2018
Tão tentando isso desde que ele foi criado
Mudaram o nome pra Mulheres com Bolsonaro
Agora tão ameaçando
Expondo as minas
Um grupo de FB
Que não quebrou nada
Não cometeu crime
Nem morte
E censuraram
Imagina se Bolsonaro ganha
Concorrentes de Bolsonaro na corrida presidencial, Marina Silva (REDE), também candidata a presidente, e Manuela d'Ávila (PCdoB), candidata a vice na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT), foram algumas das que se revoltaram com o incidente. Em publicação no seu Twitter, Manuela afirmou que, apesar do ataque, os responsáveis por isso não poderão mudar o voto e a força das mulheres que se opõem ao candidato do PSL. Prova disso seriam os diversos atos contra ele marcados pelo Brasil nas próximas semanas. Já Marina descreveu o caso como um exemplo do que ocorre em ditaduras e pediu punição para os responsáveis.
Esse tipo de atitude é fruto de uma visão autoritária, tem resquícios na ditadura e, como mulher, quero aqui apresentar o meu repúdio e minha solidariedade à livre manifestação da opinião de todas as mulheres brasileiras. É uma atitude autoritária, machista e preconceituosa.
— Marina Silva 18 (@MarinaSilva) 16 de setembro de 2018
A Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA) informou, segundo o G1, que o Grupo Especializado de Repressão aos Crimes por Meios Eletrônicos, da Polícia Civil da Bahia, abriu uma investigação para apurar os detalhes da invasão à página 'Mulheres Unidas contra Bolsonaro'.