"Mixirica", como também é conhecido, terminou em terceiro lugar depois das 346 horas e 19 minutos de duração da jornada. Em entrevista à Sputnik Brasil, Marcelo contou que chegou a enfrentar temperaturas de —4ºC e até 30ºC.
"Esse ano teve chuvas fortes e quando chovia a temperatura baixava para três graus. Nas madrugadas, quando foi entrando na Sibéria, chegou a —4ºC, mas depois foi melhorando aos poucos", conta.
A dificuldade alta da prova fez com que somente seis ciclistas de seis países diferentes se inscrevessem. Apenas cinco conseguiram terminar. "Eram três novinhos e três velhinhos, eu era um dos três velhinhos", disse Marcelo.
A Red Bull Trans-Siberian Extreme é três vezes maior do que o Tour de France e duas vezes a extensão do Race Across America.
"O Red Bull Trans-Siberian Extreme é tipo um Tour de France para adultos", brinca.
O grande favorito ao título era o russo Vladimir Gusev, mas ele sofreu com dores no joelho direito, abandonou algumas etapas e acabou desclassificado. A prova foi conquistada pelo alemão Pierre Bischoff.
A competição foi dividida em 15 etapas em que a mais curta tinha 260 km e a mais longa 1.372 km. Nessa última o brasileiro pedalou por 55 horas com pequenas pausas para cochilar e descansar.
Mixirica passou por dificuldades ao longo da travessia. Na sétima etapa quase abandonou a prova porque estava sofrendo com problemas estomacais.
"Eu estava vomitando muito, o médico falou que eu tinha que sair da prova e foi aí eu dei uma acordada. O médico me deu um susto, eu acordei e continuei na prova. Nesse dia o Vladimir Gusev perdeu a etapa e eu assumi o terceiro lugar", contou.
Marcelo Florentino Soares não tinha patrocínio fixo e precisou da ajuda de amigos, rifas e vaquinha na internet para cobrir os R$ 10 mil reais gastos com passagens e outras despesas, além dos 25 mil euros da taxa de inscrição, equivalente a quase R$ 120 mil.
A organização oferece aos atletas um restaurante móvel, fisioterapeutas, médicos e mecânicos.
Essa não foi a primeira vez que Marcelo fez a travessia transiberiana. Ele já havia participado da prova em 2017 e disse que é sempre bem recebido na Rússia.
"Eu sempre fui bem recebido lá, eles gostam muito de brasileiros. Me receberam com muito carinho, cuidaram muito bem de mim. É um país enigmático, organizado e poderoso".
A próxima meta do ciclista nascido e criado no Jardim Ângela, periferia da cidade de São Paulo, é competir no Race Across America, em que os ciclistas cruzam 4.800 quilômetros da costa oeste à costa leste dos Estados Unidos em 11 dias.
Ouça a entrevista na íntegra: