Em entrevista à Sputnik Brasil, Walkiria Dutra, porta-voz do Observatório da Intervenção, disse que a Intervenção Federal, comandada pelo general de Exército Walter Souza Braga Netto, vendeu à população que "teria uma política de segurança pública", mas que no fim, segundo a pesquisadora, "só entregou confronto".
"O que a gente observa nesses 7 meses é que essa lógica de conflito tem gerado números muito nocivos, para dizer que uma política de segurança pública a intervenção está deixando a desejar em vários aspectos, principalmente em ações de prevenção social", afirmou.
"As Forças Armadas acabaram entrando como um ator que reforçou essa lógica de confronto e confronto direto com os chamados traficantes. Uma lógica que a gente pode dizer quer é apreender drogas e apreender armas", disse.
Além de um aumento grande no número de mortes em confronto com a polícia. Em agosto do ano passado, antes da Intervenção ser decretada, 70 pessoas morreram em confrontos com a polícia. Em agosto deste ano foram 175 mortes, quase seis por dia. Um aumento de 150%, o maior número já registrado pelo Instituto de Segurança Pública.
"Uma redução do número de homicídios não pode corresponder a um aumento que a gente vê da letalidade policial", defendeu Walkiria.
Já os chamados crimes contra o patrimônio caíram: roubo de carga (-20%), de veículos (-15%) e assaltos de rua (-16%) registraram redução em agosto.
O site Fogo Cruzado registrou nos últimos sete meses mais de 5.800 tiroteios e disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Nesse mesmo período do ano passado foram pouco mais de 3.600.
Segundo Walkiria Dutra, a Intervenção Federal tem atuado muito pouco em ações de inteligência das polícias.
"Das 66 ações do Gabinete de Intervenção para serem entregues até dezembro a gente só tem 4 ações que são voltadas para lidar com a inteligência policial", completou.