A Comissão de Infraestrutura do Senado Federal analisa proposta de extinção definitiva do Horário Brasileiro de Verão, adotado anualmente desde 1985 e em vigor em grande parte do território nacional (Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste). O senador Aírton Sandoval (MDB-SP) é o autor do projeto, e o senador Valdir Raupp (MDB-RO) o relator da matéria.
Sputnik Brasil conversou sobre o tema com o cardiologista Evandro Tinoco, diretor clínico do Hospital Pró-Cardíaco do Rio de Janeiro e professor da Faculdade de Medicina da UFF.
Segundo o especialista a interação do meio ambiente com o estilo de vida, bem como as mudanças da interação sono-vigília, e suas consequências para o sistema cardiovascular, são uma área nova. Essas alterações tem um aspecto individual. Dependem da intensidade da privação do sono e dos efeitos da luminosidade e do tipo de atividade de uma população.
"Isso está começando a ser estudado. É um assunto ainda motivo de controvêrcia. Porque existe uma grande complexidade de observar isso em diferentes populações", explicou o médico.
"Posso dizer a vocês que ainda não temos dados definitivos. Um sujeito ficar muitas horas sem dormir faz mal para o sistema cardiovascular e cardiometabólico. Estamos começando a entender isso como um fator de risco", acrescentou ele. No entanto e ainda, apesar da mudança de horário poder ser um fator, ainda é cedo para alegar uma causalidade entre esse evento e o risco de infarto.
"Com certeza existem mudanças comportamentais, bioendócrinas e de ativação do sistema cardiovascular no curto prazo, quando se estabelecem essas mudanças [como horário de verão]. Então nós das ciências biológicas deve sempre ter isso em mente", afirmou o médico.
De toda forma, enquanto os cientistas não apresentam um veredito final, o cardiologista recomenda aumentar as doses de sono para aqueles que têm dificuldade de se adaptar.
"Eu diria que manter o seu período de sono e preservar a baixa luminosidade é uma medida recomendada", concului o interlocutor da agência Sputnik Brasil.