A matéria do Daily Mail diz que Londres na verdade não enviou seus submarinos ao mar Mediterrâneo para atacar a Síria junto com EUA e França porque não tinha recursos suficientes.
Segundo Aleksandr Nekrassov, as Forças Armadas do Reino Unido estão realmente passando por um período difícil, o que se deve à redução do orçamento militar desde a crise de 2008. Porém, acrescenta, há outro motivo para a decadência do exército britânico: o medo que as autoridades têm dele.
"Todos os governos ocidentais democrático-liberais, inclusive do Reino Unido, gostam muito pouco das suas forças armadas do ponto de vista ideológico. Têm medo delas", sublinhou Nekrassov, entrevistado pelo serviço russo da Rádio Sputnik.
Como exemplo, o jornalista citou o ex-primeiro-ministro Tony Blair, durante o governo do qual o país entrou na guerra do Iraque. Blair, afirma o jornalista, temia que os militares estivessem conspirando contra ele.
"Por isso ele não apenas reduzia as despesas militares por todos os meios, mas também os desmoralizava sob vários pretextos. É um tema pouco conhecido que a mídia britânica não aborda", comentou.
O mesmo pode ser visto hoje em dia, ressalta o interlocutor da Sputnik: o governo continua temendo as Forças Armadas, pois "tanto a política de Blair como a de [atual primeira-ministra Theresa] May não é muito popular entre a população".
A desconfiança das autoridades perante os militares, junto com as suas ambições, leva a uma situação absurda, acredita o jornalista.
"Daí resulta uma combinação estranha: no âmbito da OTAN o Reino Unido se comporta com muita agressividade, enviando suas forças às fronteiras russas, mas por outro lado as mesmas forças estão desmoralizadas, faltam equipamentos e financiamento, que simplesmente não terá lugar. Temos uma situação que contradiz o bom senso", concluiu.
De acordo com o Daily Mail, após o fim da Guerra Fria o exército britânico contava com mais de 160 mil soldados, mas, com a reforma de 2010 durante o governo de David Cameron, este número foi reduzido em duas vezes. A mídia se deteve também sobre o mau funcionamento do material bélico britânico: em 2017, 21 dos 67 bombardeiros Tornado e 43 dos 135 caças Eurofighter Typhoon estavam em péssimo estado.