"A senhora Ana Cristina Siqueira Valle disse ter deixado o Brasil há dois anos [em 2009] ‘por ter sido ameaçada de morte' pelo pai do menor [Bolsonaro]. Aduziu ela que tal acusação poderia motivar pedido de asilo político neste país [Noruega]", diz o telegrama.
Em outro trecho do documento, Ana Cristina disse considerar que, ao procurá-la, o vice-consulado do Brasil na Noruega "estava agindo em nome do deputado federal Jair Bolsonaro".
Na época em que as ameaças foram denunciadas ao Itamaraty, Bolsonaro e Ana Cristina travavam uma disputa judicial no Rio de Janeiro sobre a guarda do filho do casal, então com cerca de 12 anos.
Bolsonaro procurou o Itamaraty para que o órgão intercedesse em seu favor depois que Ana Cristina viajou para a Noruega com o filho do casal. Carlos Henrique Cardim disse que foi procurado pelo vice-cônsul brasileiro na Noruega sobre o assunto.
"Foi explicada a ela a legislação do Brasil, da Noruega. E aí ela mencionou para o vice-cônsul que estava pensando em pedir asilo. E que teria dito ao vice-cônsul que sofreu uma ameaça de morte do deputado Bolsonaro. E o vice-cônsul me transmitiu isso", descreveu o ex-embaixador.
Em sua conta no Twitter, o jornalista Rubens Valente, um dos autores da matéria, publicou o trecho do telegrama em que consta a informação de que Ana Cristina alegou ter sido ameaçada de morte por Bolsonaro.
Trecho do telegrama da Embaixada do Brasil na Noruega que informa que a ex-mulher de Bolsonaro relatou ter sido ameaçada de morte por volta de 2009: pic.twitter.com/svhub6iBKw
— Rubens Valente (@rubensvalente) 25 de setembro de 2018
Ana Cristina disse que "não falou com nenhum cônsul ou vice". Questionada se houve ameaças de morte de Bolsonaro contra ela por volta de 2009, ela respondeu que havia conversado com seu marido norueguês e ele "falou que não disse nada disso". "Acho que vocês estão pegando pesado falando isso", escreveu Ana Cristina.