Com vista para o mar, os apoiadores de Bolsonaro reuniram-se com bandeiras do Brasil e camisas da seleção brasileira. As falas vindas do carro de som começaram após a execução do hino nacional, que foi acompanhado e aplaudido pelos manifestantes.
Maria Lúcia, de 56 anos, é moradora da Baixada Fluminense e votou no PT em todas eleições presidenciais — até o momento. Ela afirma que ficou desiludida com o governo de Dilma Rousseff e agora irá de Bolsonaro.
"Ele é a favor da família e dos bons costumes, eu sou a favor de Bolsonaro por isso tudo. Não sei de onde que tiram que ele é contra a mulher. Ele nunca falou isso, as pessoas distorcem as coisas."
Para Lúcia, os atos contrários ao seu candidato são de "radicais comunistas que querem a baderna no Brasil".
A aposentada Lauvivan Martins de Souza, 78 anos, carregava uma faixa em que se declarava uma "mulher e negra" eleitora de Bolsonaro. Ela não acredita que o ex-capitão seja racista ou machista:
"É o único político sadio, que nunca entrou em roubalheira. Ele não é racista, antes dele ser candidato eu já frequentei churrascos com ele e nunca fui tratada diferente dos brancos."
Antiga eleitora de Lula, a aposentada também se diz desiludida com o ex-presidente, que para ela é hoje um "cafajeste, ladrão e comunista". As manifestações contra Bolsonaro, para Souza, são puxadas por "artistas que não trabalham e vivem com o dinheiro do Ministério da Cultura".
Já na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro, a atriz Patrícia Pillar não concorda. Ela participou do ato contra o presidenciável do PSL e o classifica como uma "excrescência".
"Vivemos uma época de ódio que é representada por ele. Ele concentra as pessoas que estão com raiva de tudo, e isso não passa por um processo de reflexão, não é racional."
A assistente social Teresinha Vasconcelos, de 79 anos, é da mesma opinião.
"Discordo das coisas que Bolsonaro coloca. Ele é muito machista, não gosta de mulheres, não gosta dos negros, das lésbicas, dos homossexuais, então ele não serve para governar um país tão diverso."
O ato contra o político do PSL foi embalado por gritos de "ele não" e "machistas, racistas, não passarão".
Mais uma vez, a Polícia Militar não divulgou o número de presentes no ato que encheu a Cinelândia, mas os organizadores falam em 200 mil presentes.
O ex-capitão, contudo, é também líder na rejeição do eleitorado: 46% dos entrevistados pelo Datafolha afirmam que não votariam nele de maneira alguma.
O primeiro turno das eleições presidenciais acontecerá no dia 7 de outubro.