Nos últimos meses, os preços dos combustíveis têm crescido a ritmos acelerados, o que gerou bastantes preocupações e vasta repercussão na mídia. Entretanto, sublinha o titular da pasta, o "mercado gosta de silêncio e funciona sempre se baseando nos fatores fundamentais".
Como exemplo disso, o ministro russo cita a decisão estadunidense de introduzir sanções contra Teerã a partir de novembro.
"É, provavelmente, o fator mais importante hoje em dia. Os participantes do mercado não entendem como isso afetará [o mercado], podendo apenas supor que as sanções serão introduzidas na variante mais dura, não sabem como se comportarão os consumidores do petróleo iraniano, se eles continuarão a comprar a commoditie a despeito das sanções. Está acontecendo uma reação de cadeia de declarações, que é avaliada pelos atores do mercado, os quais, por sua vez, introduzem no preço os riscos de uma parte do petróleo iraniano poder abandonar o mercado", explica.
Aliás, argumenta o ministro, se fazem propostas à OPEP de empreender medidas "artificiais", distorcendo o equilíbrio da demanda e oferta, com vista a aumentar a exploração para compensar a alegada redução da produção no Irã, embora essa ainda não tenha acontecido.
"São todos estes fatores de incerteza que desinformam e desestabilizam o prognóstico da situação no mercado, por isso os contratos de futuros reagem de maneira muito ativa. Hoje em dia, os participantes do mercado, a meu ver, formam os preços não se baseando no equilíbrio da demanda e oferta e outros fatores fundamentais como o câmbio do dólar em relação a outras moedas, mas sim em intervenções verbais ou prognósticos de futuro nublado", diz o ministro.
Ainda de acordo com ele, os preços no mercado continuam "voláteis" por causa dessa incerteza, que pode tanto aumentar quanto reduzir o preço do petróleo na sequência da decisão final quanto ao Irã.
"Por isso, claro que tomar quaisquer decisões fundamentais a curto prazo para aumentar ou reduzir a exploração, a meu ver, é incorreto", adianta.
Ao falar das especulações sobre a possível repetição da crise que se deu há 45 anos, em 1973, quando uma série de países se recusou a exportar petróleo para os EUA e o Japão, o ministro se mostra cético.
"Acho a probabilidade bem baixa, pois a situação hoje em dia é muito diferente: no total, o mundo produz 100 milhões de barris por dia, se fala sobre a possível exclusão de 2,7 milhões de barris. Há um potencial de crescimento da exploração e mecanismos de equilíbrio da demanda e oferta. Talvez o reequilíbrio leve algum tempo, mas, de qualquer maneira, a situação hoje é muito mais estável", conta.