"Os dias da América como hegemonia econômica e militar global estão contados a muito longo prazo", disse o especialista e também diretor da empresa Eurasia Future comentando a tendência de desdolarização recentemente abraçada pela Rússia, Irã, Turquia, Venezuela e outras nações.
Essa tendência está se espalhando principalmente devido à busca pelas nações de uma alternativa ao dólar, mais por razões de diversificação do que por perda de confiança nessa moeda, segundo ele.
"Embora o valor do dólar pareça ser sólido a curto prazo, a confiabilidade do dólar está se tornando cada vez mais volátil aos olhos de muitos fundos soberanos e de riqueza privada em todo o mundo", disse ele.
Além disso, a economia chinesa "parece destinada a ultrapassar totalmente a dos EUA em 2040 em termos de PIB total", observou Garrie, salientando que "a história ditou que o poder econômico global mais forte determinará de fato a moeda de reserva mundial".
A desdolarização está de fato se tornando uma tendência devido às políticas isolacionistas de Trump juntamente com suas sanções e aumentos de tarifas, de acordo com o analista.
Em contraste, Garrie observou que a "introdução neste ano dos futuros contratos petrolíferos denominados em renminbi [moeda oficial chinesa] é mais um sinal de que, a longo prazo, a China procura desafiar lenta e firmemente o domínio do dólar", opinou ele.
Garrie acredita que o "dólar flutuante continuará a dominar o mercado pelo menos nos próximos 15 a 20 anos", mas que se a abordagem unilateral americana continuar no comércio, "o atual ímpeto para a desdolarização global [e particularmente asiática] continuará a acelerar".
O cientista geopolítico fala ainda da estrutura global potencial independente do dólar, prevendo a ascensão de outras moedas, como o renminbi, e presumindo que novas moedas de reserva poderiam surgir.
"A China pode muito bem procurar continuar usando combinações de moedas renminbi e nacionais para o comércio se conseguir acordos especiais com seus parceiros, particularmente aqueles no mundo em desenvolvimento […] Os políticos chineses têm uma mentalidade em geral mais civilizada", diz.
Ele conclui afirmando que a China "provavelmente usará acordos cambiais na busca da prosperidade mútua sustentável a longo prazo", ao contrário dos EUA, que têm manipulado o dólar para promover suas políticas no mundo e para "pressionar outras nações".