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Segundo turno: estratégias não devem, mas precisam mudar, diz especialista

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Segundo especialista, os candidatos terão espaço e tempo para apresentar melhor suas propostas. Resta saber se os lados da disputa estão prontos para alterar o tom das conversações.

A campanha para o segundo turno das eleições presidenciais começa nesta segunda-feira, e os dois candidatos vencedores do primeiro turno enfrentam o desafio de aumentar o número de seus eleitores e diminuir o índice de sua rejeição pelo eleitorado. 

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O clima de confronto entre as posições políticas deve se ampliar para o segundo turno, que se realizará em 28 de outubro. Com o tempo de campanha dividido igualmente entre os dois candidatos, a confrontação pode não ter limites, no processo eleitoral mais conturbado da História da República.

O que muda em termos de campanha no segundo turno? Os candidatos vão continuar com suas táticas de desconstruir o adversário, dando menor espaço à exposição de seus planos de governo? 

Sputnik Brasil conversou sobre o tema com Ricardo Ismael, mestre em ciência política e professor da PUC/Rio. Para ele, existe uma demanda por propostas e que o primeiro turno deixou a desejar. 

Agora, com tempo eleitoral igual, pode ficar mais claro o que cada um pretende fazer sobre a crise econômica que já dura desde final de 2014, explicou o professor. Além disso, seria importante discutir a reforma tributária e a reforma da previdência.

"Existe espaço e tempo para apresentar soluções aos problemas que estão aí na área de segurança pública, na área previdenciária, na área das contas públicas, social, saúde, moradia, habitação, saneamento básico. A agenda é conhecida, mas é preciso falar de soluções", disse ele.

Para ele, "isso ajudaria o eleitor e a eleitora a tomar uma decisão nesta segunda rodada".

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"No entanto, há um risco de que isso não aconteça", acrescentou o especialista, pois a disputa corre o risco de se resumir ao "anti-petismo" e ao "anti-bolsonarismo".

"Com o fracasso do centro político, que não conseguiu colocar um candidato no segundo turno, temos dois extremos se enfrentando no processo eleitoral. Por isso há um risco de que a propaganda negativa e o enfrentamento possam prevalecer", alertou.

Segundo Ricardo Ismael, tradicionalmente, o candidato que está atrás nas pesquisas deve bater no líder. O que provoca uma reação, uma resposta. Ou seja, existe um risco de polarização ainda maior, que empobrecerá o debate a acabará aumentando o número de abstenções, de brancos e de nulos.

E é justamente esse eleitor que precisa ser conquistado.

Esse eleitor, em geral, é de centro. Por isso, segundo o especialista, o acirramento das tensões pode afastar ele.

Para o professor da PUC, as estratégias de campanha dos dois candidatos devem, por enquanto, seguir o curso do primeiro turno.

"Jair Bolsonaro tentou ocupar o espaço do anti-petismo e cresceu muito nos últimos anos. Principalmente depois do segundo turno das eleições de 2014", e deve continuar nessa linha, disse o entrevistado.

A campanha de Haddad, por outro lado, deve seguir com a estratégia de capitalizar os votos do ex-presidente Lula, o que deu muito certo no Nordeste.

"Nordeste é o grande reduto do Lulismo e do próprio PT. A partir dessa estratégia de fazer alianças com PSB e com PCdoB o PT conseguiu uma votação impressionante no Nordeste, inclusive garantindo ao partido uma bancada [no Congresso Nacional]" e possibilitou o segundo turno, disse o analista.

Portanto, o PT deve associar Bolsonaro ao retrocesso na área dos direitos, enquanto Bolsonaro deve continuar empunhando a bandeira anti-petista. 

Durante a primeira semana, antes dos resultados das pesquisas, a tendência será manter essa linha, disse o Ricardo Ismael, para quem, independente do resultado, "o vencedor vai precisar pacificar o país".

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