"Acho que a Rússia tem boas relações com o Irã e boas relações com Israel, então quanto mais puder ajudar a impedir que as relações se deteriorem ao ponto de guerra entre os dois países, entre o Irã e Israel, melhor. Acho que a Rússia está bem posicionada para desempenhar um papel tranquilizador nessa frente", disse Guehenno à margem da reunião anual do Valdai Discussion Club na cidade russa de Sochi.
"Acho que também é do interesse russo porque uma guerra mais ampla no Oriente Médio seria desastrosa para todos. Essa é uma área em que a Rússia pode desempenhar um papel muito útil, espero", acrescentou.
Quando perguntado sobre como a Rússia poderia coordenar com as forças de paz da ONU na Síria, o ex-funcionário da ONU disse que uma das opções poderia ser compartilhar informações em nível local, observando que "a verdadeira questão é de natureza política estratégica, então é mais em capitais que o trabalho precisa ser feito".
Guehenno sublinhou que o contexto político, no qual os mantenedores da paz trabalhavam no país, era crucial para o sucesso da missão.
"A manutenção da paz no final do dia é um empreendimento político, então o contexto político no qual as forças de paz operam é a questão central. Se o contexto político muda de maneira fundamental, as forças de paz não são uma força que pode tomar medidas recursivas. Então, eles estão em uma posição muito fraca, se eles operam em um contexto político que é fundamentalmente diferente do contexto político em que foram implantados", declarou Guehenno.
O Irã, que é um dos aliados mais próximos da Síria, tem apoiado Damasco durante a guerra civil no país. Embora Israel tenha assumido uma postura neutra em relação ao conflito na Síria, ele tem se oposto à suposta presença militar do Irã na Síria, temendo que Teerã possa ganhar muita influência na região. Israel também está realizando ataques aéreos na Síria contra o grupo paramilitar libanês Hezbollah.