As manobras contam com 50 navios, 250 aeronaves, dez mil veículos de transporte e 50.000 efetivos. A Suécia e a Finlândia apoiam as manobras.
Hordas do Norte
O roteiro dos exercícios é o seguinte: a pacífica Noruega foi alvo de uma agressão militar por parte de um país fictício do norte, denominado Murinus. O objetivo principal das manobras, segundo a OTAN, é praticar a rápida transferência de forças através do Atlântico e através da Europa, além de trabalhar as ações das unidades da Aliança em climas frios.
Os exercícios custarão à OTAN um valor substancial: somente para a transferência de equipamento e pessoal foram necessários 180 voos e 60 navios fretados, sem mencionar o custo das munições, combustível e comida. O volume dos contratos celebrados com empresas norueguesas para prestar apoio aos exercícios é estimado em 159 milhões de euros (R$ 673,1 milhões).
Dançando nas fronteiras
No entanto, Moscou não acredita na inocuidade desses treinamentos. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia classificou as manobras da OTAN como uma provocação antirrussa e enfatizou seu impacto negativo na segurança de todos os países da região. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse na quarta-feira (31) que a atividade militar da OTAN perto das fronteiras russas atingiu um nível sem precedentes.
"A OTAN não pode combater com mais ninguém nesta região", disse à Sputnik o analista militar Konstantin Sivkov, acrescentando não descartar que, sob o disfarce dos exercícios, a Aliança implante grupos de tropas para invadir a Rússia.
"A única coisa que os está detendo é o status nuclear do país", frisou.
Mesmo o tablóide Stars and Stripes do Departamento de Defesa dos EUA admitiu que o país Murinus, apesar de fictício, foi claramente desenhado por estrategistas da OTAN com base em um modelo muito real.
O jornal reportou que "Stoltenberg disse que estava trabalhando em ações contra um 'agressor fictício', no entanto os exercícios Trident Juncture foram projetados para simular o 'inimigo mais próximo' e o único na vizinhança, que é a Rússia."
Ilusão de proteção
"Os EUA e a OTAN agora precisam de mostrar a todo custo que continuam a ser um apoio confiável e uma proteção para toda a Europa", disse o professor da Academia de Ciência Militar, Sergei Sudakov.
Segundo ele, os norte-americanos estão tentando semear entre os cidadãos europeus o medo de uma grande guerra para que a Europa canalize seu dinheiro para a manutenção da OTAN, incluindo a compra de armas dos EUA e a implantação de novas bases militares.
"Para os Estados Unidos, este é um sistema comprovado de gerar renda e um mecanismo de escravizar outras nações: assim que desdobram uma base militar no território de outro país, esse perde a soberania", salientou Sudakov.