Atual presidente no mandato rotativo dos BRICS, Ramaphosa defendeu mais uma vez o multilateralismo, que pode se contrapor a uma postura mais isolacionista de Bolsonaro, tomando por base suas declarações durante a campanha eleitoral.
"Se [Bolsonaro] atuar contra o que defendem os países dos BRICS, isso será em detrimento do Brasil e dos brasileiros", declarou o presidente sul-americano.
"Ele entrará para uma família BRICS que está quase irrevogavelmente comprometida com o multilateralismo, ele entrará para uma família BRICS que procura fazer as coisas de uma maneira que fortaleça o benefício mútuo. Se começar a empurrar em uma direção diferente, acabará prejudicando o interesse do Brasil", acrescentou.
Ramaphosa comentou que a África do Sul "estava mais próxima" do PT, cujas gestões encorajaram as atividades conjuntas dos BRICS, e ressaltou que as primeiras indicações de um futuro governo Bolsonaro são "diferentes" em relação ao que pensa Johanesburgo.
Em tom conciliatório, o presidente sul-africano preferiu pensar que Bolsonaro não irá perder "oportunidades" que venham a ser boas para o Brasil, e que sejam oferecidas por meio dos BRICS.
Ramaphosa também falou sobre as declarações polêmicas de Bolsonaro, principalmente as de cunho racista contra a comunidade afrodescendente do Brasil. Para ele, o contraditório é o melhor caminho para o esclarecimento e solução de discórdias do gênero.
"Tratar, falar e colaborar é um grande antídoto para estes tipos de extravagantes enfoques porque te permite ver o outro lado da história e acredito que é isso o que faremos", completou.
A equipe de Bolsonaro ainda não se posicionou claramente sobre o que pensa sobre os BRICS especificamente, mas especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil acreditam que o país deverá se focar primordialmente em suas relações bilaterais, principalmente com China, Estados Unidos e União Europeia.
Em 2019, Bolsonaro irá receber líderes dos BRICS no Brasil, país que sediará o tradicional encontro do grupo.