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Tensão entre Bolsonaro e China ficou para trás?

© ReproduçãoO embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang (à esquerda) e o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (à direita).
O embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang (à esquerda) e o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (à direita). - Sputnik Brasil
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Durante a campanha eleitoral, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) fez declarações polêmicas sobre a relação Brasil-China, lançando dúvidas entre os investidores do país asiático e incertezas sobre parcerias entre os dois países. Sobre esse assunto, a Sputnik Brasil ouviu Roberto Fendt, secretário-executivo do Conselho Empresarial Brasil-China.

No dia seguinte às eleições presidenciais no Brasil, um dos principais veículos da imprensa estatal chinesa, o portal China Daily, publicou um editorial chamando Bolsonaro de "Trump Tropical" e apontando que o presidente eleito mantém uma postura similar à do presidente dos Estados Unidos.

"Bolsonaro soou pouco amigável com a China durante a campanha. Ele afirmou que a China é um predador que pretende dominar setores chave da economia brasileira", lembrou o editorial.

O texto ainda chamou atenção para o fato de que a China não acredita que as declarações de campanha devam ser tratadas com pouca seriedade.

"Nós não acreditamos na suposição popular de que as promessas feitas durante a campanha são apenas para o processo eleitoral. Ou que Bolsonaro, o presidente, irá naturalmente deixar de lado as palavras mais extremas do Bolsonaro candidato", acrescentou.

O editorial ainda apontou que espera que Bolsonaro não concretize sua posição e que leve em consideração que as economias de China e Brasil são complementares, além de serem grandes parceiros comerciais.

É exatamente isso o que lembra Roberto Fendt, secretário-executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, em entrevista à Sputnik Brasil.

"A China é o nosso principal parceiro tanto na importação quanto na exportação […]. É um parceiro importante. E por ser o maior, obviamente torna-se importante em si. Mas também é muito importante porque a China hoje em matéria de fluxo de investimento anual é o maior investidor estrangeiro no país", ressalta Fendt.

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Roberto Fendt lembrou que há um volume importante de empresas chinesas abrindo atividades dentro do Brasil, com um setor reunindo maior volume de investimento. "No período entre 2007 e 2017, mais de 100 empresas se instalaram no Brasil. Essas empresas trouxeram 157 projetos que anunciaram ou já completaram […]. O grosso do investimento está no setor elétrico, no setor de geração e produção de energia em geral. Então os investimentos nessa área são maiores. O número de projetos é menor mas o volume de investimento é maior", disse.

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Já Roberto Fendt acredita que depois da reunião na segunda-feira (5) entre Jair Bolsonaro e o embaixador da China no Brasil, Li Jhinzang, a desconfiança criada em torno do presidente eleito possa diminuir.

Apesar de após a reunião com Bolsonaro o embaixador chinês ter optado por não dar declarações, Fendt ressalta que o presidente eleito enfatizou a importância da China e que pretende que o Brasil amplie sua cooperação com os chineses.

"Eu acho que isso é muito importante porque havia rumores de todo tipo de que o presidente eleito teria objeções à China de várias naturezas", afirmou Fendt, que acrescentou: "Eu acho que os ruídos, como é natural no embate de uma campanha eleitoral, foram exageradamente ampliados".

Fendt ainda afirmou na entrevista à Sputnik Brasil que acredita que as declarações mais recentes de Bolsonaro são uma amostra de que o presidente eleito pretende manter as portas abertas para a China. "Isto é, uma maior cooperação em diversos campos e a manutenção dos fluxos de comércio e investimento entre os dois países", afirmou.

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Além disso, ele lembra que os chineses pretendem continuar a abertura da economia do país comunista, apoiando ainda mais o processo de globalização, mesmo com uma onda de protecionismo liderada pelos Estados Unidos de Donald Trump.

"Isso é muito importante porque nós estamos diante de uma onda protecionista em muitas partes do mundo. É importante que a segunda maior economia do mundo se abra para terceiros países", concluiu.

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