Coordenado pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais, José Roberto Pellini, o projeto Amenenhet vai iniciar o seu terceiro ano de trabalho em campo com o foco na escavação arqueológica.
“Nós vamos nos concentrar na parte da escavação arqueológica. […] Essa é uma tumba inédita, que nunca foi trabalhada ou escavada. Esse ano vamos começar a escavação pelo o que chamamos de câmara anexa, que é uma sala que está anexa a uma câmara funerária, onde o morto era enterrado e, possivelmente, servia para guardar os pertences do morto. Nós já conseguimos observar duas múmias na superfície”, conta o arqueólogo do Departamento de Antropologia e Arqueologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich).
“Já foram encontrados vários objetos de cartonagem, que são elementos que compunham a vestimenta da múmia como parte da decoração. Eram bem decorados com hieróglifos. Achamos algumas estátuas, como a do Deus Horus, por exemplo. Encontramos também um vaso canopo, que era onde ficavam os órgãos depois de retirados do corpo para transformá-lo em múmia”, explica o professor.
Em 2019, a equipe coordenada pelo brasileiro contará com 18 profissionais de várias especialidades como geólogos, egiptólogos e antropólogos. Juntos, os pesquisadores vão tentar descobrir um pouco mais sobre a história e função do antigo proprietário da tumba, o sacerdote Amenenhet.
“Nós podemos através da pesquisa dessa tumba, entender um pouco melhor o período do novo império no Egito Antigo. A gente consegue entender um pouco mais do papel que esse funcionário, o Amenenhet, tinha dentro do governo do faraó Tutmósis III, que era um cargo muito importante”, explica o professor.
Amenenhet era sacerdote que ocupava diversos cargos, como o de contador de pães, que eram distribuídos como parte dos salários no Egito Antigo. O dono da Tumba Tebana 123 serviu ao faraó Thutmosis III, da 18ª Dinastia, por volta de 1800 antes de Cristo. A construção que está sendo analisada pelo grupo de pesquisadores tem formato de T, possui 25 x 3 metros de frente e um corredor principal de 50 x 3 metros.
“Ao mesmo tempo a gente tem focado muito na relação da comunidade atual com esse monumento, para entender como a população resignifica e utiliza as tumbas do Egito antigo dentro das práticas cotidianas”, conta o arqueólogo.
O projeto coordenado pelo brasileiro integra o Programa Arqueológico Brasileiro no Egito (Bape, na sigla em inglês), criado em 2015 na Universidade Federal de Sergipe.