O acordo foi firmado inicialmente em 1959 por 12 países e agora conta com 53 signatários. Em 1991, os membros do tratado assinaram um protocolo que proíbe a extração de recursos no continente a menos que seja feito com fins científicos.
O acordo permanecerá válido até 2048, quando os assinantes deverão revisar suas condições. O continente frio está cheio de riquezas naturais e muitos acham injusto que o território permaneça quase intacto.
Debaixo da capa de gelo antártico há enormes reservas de recursos naturais: segundo avaliações científicas, os campos de petróleo da região contêm entre 36 e 200 bilhões de barris de petróleo.
Ou seja, a demanda de energia torna o continente ainda mais atraente para muitos países, mesmo para os que assinaram o tratado.
Além do petróleo, a Antártida parece ter quantidades sem precedentes de diamantes. No entanto, sublinha o autor do artigo, o tesouro principal do continente branco é a água doce, representando uns 70% das reservas mundiais.
Entre os países que pretendem obter terrenos no continente estão a Austrália, Argentina, Reino Unido, Nova Zelândia, Noruega, França e Chile. E há mais dois Estados que buscam o reconhecimento da Antártida como seu território — a Rússia e os EUA.
O especialista do jornal The Independent, Klaus Dodds, sublinha que a Rússia leva o assunto a sério e destina muitos recursos aos estudos da Antártida.
Além disso, parte da estratégia russa pode compreender uso do continente frio para expandir o desenvolvimento de Glonass, tecnologia de navegação global por satélite com que pretende fazer concorrência ao GPS norte-americano, opina Héctor Estepa, analista de El Confidencial.
Segundo o colunista, os russos já possuem no continente três sistemas de monitoramento de satélites Glonass e pretendem construir mais. Há quem alegue que a Rússia tenha capacidades não apenas de receber sinais do espaço, mas também de suprimir ou alterar os sinais de satélites estrangeiros.
Quanto às bases científicas, estas às vezes servem não apenas para realizar pesquisas, mas também para demonstrar seu interesse pela área e confirmar lá sua presença, diz o artigo de Dobrynin.
Se os países tivessem interesses apenas científicos, poderiam equipar suas bases na Antártida com equipamento que permita monitorar a natureza à distância.
O fato de os Estados tentarem construir mais bases e enviar mais investigadores significa que seu interesse vai além da ciência, conclui o artigo.