Drezner sublinha que, para criar uma alternativa do dólar, qualquer ator deve cumprir duas condições necessárias: capacidade e vontade, ou seja, ele deve ser capaz e ter vontade de criar um substituto para o dólar. A moeda estadunidense funciona como moeda de reserva graças a grandes mercados de capitais e a autoridades monetárias transparentes e fiáveis.
"Caso a China queira que yuan rivalize com o dólar, ela deveria melhorar tanto a disponibilidade dos títulos denominados em yuanes como a transparência dos seus reguladores. As economias da eurozona deveriam, por sua vez, persuadir os investidores da viabilidade a longo prazo de uma moeda sem Estado", explicou o analista.
Entretanto, o analista indica duas razoes que causam preocupação sobre o futuro do dólar. Primeiro, nos últimos tempos, os EUA intensificaram o uso de sanções e outras medidas restritivas. Cada vez mais países querem se livrar do dólar e construir uma arquitetura financeira para desafiar o sistema financeiro baseado na moeda norte-americana. A situação do Irã é particularmente problemática, porque foi pela primeira vez que Wahington exerceu pressão apesar da ativa oposição contrária dos seus aliados europeus.
"Se a China, a Rússia e a UE trabalharem em conjunto para construir um sistema de pagamentos alternativo ao baseado no dólar, isso prepararia o terreno para uma maior cooperação sem os EUA", afirma o professor.
De acordo com o analista, as ações agressivas da administração Trump estão aumentando a probabilidade desses atores quererem construir um novo sistema financeiro, apesar dos altos custos desse processo.
Os investidores estrangeiros possuem 30% da dívida norte-americana. Se eles começarem a duvidar da viabilidade da dívida dos EUA a longo prazo, eles poderiam requer que os EUA denominem sua dívida em outras moedas, o que vai minar as posições do dólar nos mercados globais, disse o analista.
Drezner sublinhou que, caso um dos esses eventos ocorra, os efeitos poderão levar ao colapso muito rápido da hegemonia da divisa norte-americana.