Recentemente, a revista The American Conservative assegurou que a política de guerras "ilegais" e "antinaturais" pode acarretar consequências gravíssimas para os EUA, ou seja, sua "arrogância" ameaça levar os Estados Unidos ao calote. Para preservar o país, Washington precisa de revisar seus interesses nacionais, promovidos pelos grupos neoconservadores, opina a edição.
Mesmo tomando em consideração que há países muito mais pobres no mundo, se compararmos a dívida e o PIB, a crise nos EUA é inevitável, adverte a mídia. Ao mesmo tempo, alguns economistas acreditam que o calote dos EUA é impossível, porque o governo, teoricamente, pode imprimir a quantidade de dólares que precisar. Nesse caso, a hiperinflação causada pela impressão incontrolável de moeda levaria à desvalorização total do dólar e afundaria a economia global.
O cenário traçado pelo jornalista é o seguinte:
O especialista do Centro de Investigação dos Problemas de Segurança da Academia de Ciências da Rússia, o americanista Konstantin Blokhin, comentou a publicação em uma conversa com o serviço russo da Rádio Sputnik.
"Estou de acordo com a opinião de que, em primeiro lugar, os EUA minam o bem-estar do seu próprio povo. Nas avaliações mais humildes, as despesas totais com as guerras no Afeganistão e no Iraque desde o ano de 2001 até hoje somam entre 6 e 7 trilhões de dólares [22,8 e 26,6 trilhões de reais]. Alguns dizem que eles podem ter gasto 10 ou até 15 trilhões [38 e 57 trilhões de reais]", relembrou, assinalado que estas somas são "astronômicas" até para uma economia tão sólida como a estadunidense.
Assim, analisa o especialista, em vez de "se ocuparem" dos problemas internos e investirem em infraestruturas, os EUA "dispersaram" suas capacidades nessas guerras e "se atolaram" no Oriente Médio. Nisso, opina Blokhin, há uma espécie de ironia.
"Todas essas guerras visam gerar o caos e a desestabilização, reforçar o controle da região, de maneira a permitir administrar os fluxos de recursos energéticos que vêm à Europa e à Ásia. Ou seja, controlar tanto seus aliados europeus quanto seus rivais, em primeiro lugar, a China", expressou.
"Eles se atolaram no 'pântano do Oriente Médio' e, de fato, quando era possível, não aproveitaram a oportunidade para reforçar suas posições. É nisso que consiste a ironia desta situação", concluiu.