'Novo NAFTA' tornaria possível um comércio justo entre EUA e seus parceiros mais próximos?

© REUTERS / Edgard GarridoBandeiras dos países-membos do NAFTA - EUA, México, Canadá (foto de arquivo)
Bandeiras dos países-membos do NAFTA - EUA, México, Canadá (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Em 30 de novembro, os EUA, o México e o Canadá deveriam assinar um novo acordo comercial que vai substituir o NAFTA. Entretanto, a introdução de tarifas sobre importação do aço e alumínio por Washington continua sendo uma questão por resolver. A Sputnik explica os principais pontos do "novo NAFTA" e que fatores podem frustrar sua celebração.

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O primeiro tratado trilateral entre os EUA, o Canadá e o México — Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA) — entrou em vigor em 1994 e se baseou no acordo comercial bilateral entre os EUA e o Canadá, assinado nos anos 80. O objetivo do NAFTA era usar as vantagens comparativas dos países participantes — as tecnologias de ponta e investimentos dos EUA, os recursos naturais do Canadá e a mão-de-obra barata mexicana — para aumentar a prosperidade dos Estados membros.

O NAFTA previa a abolição total das tarifas aduaneiras e a ampliação da cooperação entre os três países, cujas economias são responsáveis por quase uma terça parte do PIB mundial.

Sem dúvidas, o acordo trouxe algumas vantagens: acesso aos respectivos mercados nas condições mais favoráveis, aumento do volume de comércio mútuo entre os países do subcontinente e afluxo de investimentos norte-americanos para o Canadá e o México.

Entretanto, algumas consequências desse acordo causaram grande polêmica. Por exemplo, dezenas de milhares de pequenas e médias empresas canadenses e mexicanas não conseguiram competir com as multinacionais dos EUA e foram eliminadas do mercado.

Além disso, vários especialistas acreditam que o NAFTA permitia aos EUA e Canadá aproveitarem os baratos recursos naturais e mão-de-obra mexicanos, o que aumentava a disparidade entre os países ricos do bloco (EUA e Canadá) e o México, que ainda está em desenvolvimento. Quanto às consequências para os EUA, os especialistas declaram que o acordo contribuía para o défice comercial e para a perda de empregos nos EUA.

Guerras comerciais e o fim do NAFTA

O atual presidente dos EUA, Donald Trump, reiteradamente se mostrou contra o NAFTA. Durante sua campanha eleitoral ele declarou que as condições do NAFTA deviam ser reconsideradas e em várias ocasiões mencionou a possibilidade de sair do tratado, considerando-o um "desastre" e "o pior acordo comercial da história".

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No primeiro ano de sua presidência, Trump começou a negociar com seus parceiros canadenses e mexicanos uma atualização do NAFTA. Em maio de 2018, ele partiu para a ação e impôs tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio exportados pelos parceiros do NAFTA aos EUA. O México, por sua vez, introduziu tarifas de retaliação sobre vários produtos norte-americanos. Essas medidas marcaram o fato de que o NAFTA, na prática, perdeu sua força.

Entretanto, Trump não queria pôr fim a todos os acordos comerciais com seus vizinhos mais próximos. No início de outubro, os EUA, o Canadá e o México firmaram o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), uma nova versão do NAFTA.

O USMCA pode ser considerado como uma vitória para Trump, porque o Canadá e o México aceitaram condições comerciais mais restritivas em relação ao seu principal destino de exportação. O USMCA, que vai vigorar durante 16 anos e deverá ser prorrogado a cada 6 anos, prevê que o Canadá abrirá seu protegido mercado de laticínios aos produtores norte-americanos. Além disso, o acordo dificultará às montadoras globais a construção de carros a preços reduzidos no México, o que vai favorecer a criação de mais empregos nos EUA.

Mais do que isso, o Canadá e o México concordaram em elevar os limites sobre os quais será aplicada taxação no comércio entre os Estados membros do acordo, uma das demandas-chave dos EUA.

O acordo deveria ser assinado em 30 de novembro nas margens da cúpula do G20 em Buenos Aires. Se o acordo for celebrado, começaria o processo de ratificação do USMCA em cada país signatário, o que levaria cerca de dois anos. Isso significa que o novo acordo comercial entre os EUA, o Canadá e o México entraria em vigor apenas em 2020.

Aço e alumínio?

Sem dúvidas, é bom que os líderes dos três países tenham conseguido chegar a um novo acordo comercial. O problema é que ele entraria em vigor daqui a dois anos, enquanto alguns problemas urgentes devem ser resolvidos o mais rápido possível.

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Trump declarou que o USMCA é o acordo comercial "mais moderno" da história de seu país e que ele também será bom para o Canadá e o México. Entretanto, o Canadá e o México continuam estando sujeitos às tarifas norte-americanas sobre o aço e o alumínio.

Segundo o embaixador mexicano nos EUA, Gerónimo Gutiérrez, ele espera que as tarifas sejam abolidas ou, pelo menos, que o processo de abolição seja iniciado quando os presidentes dos três países se reunirem na Argentina para celebrar o novo acordo.

Pois, o encontro entre os três líderes deveria ter lugar em apenas alguns dias e o problema que ameaça sua celebração ainda não foi resolvido. Mesmo que os três países assinem o novo acordo comercial, levariam vários anos para avaliar suas vantagens e pontos fracos para cada país.

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