NAFTA: um acordo mutuamente vantajoso?
O NAFTA previa a abolição total das tarifas aduaneiras e a ampliação da cooperação entre os três países, cujas economias são responsáveis por quase uma terça parte do PIB mundial.
Sem dúvidas, o acordo trouxe algumas vantagens: acesso aos respectivos mercados nas condições mais favoráveis, aumento do volume de comércio mútuo entre os países do subcontinente e afluxo de investimentos norte-americanos para o Canadá e o México.
Entretanto, algumas consequências desse acordo causaram grande polêmica. Por exemplo, dezenas de milhares de pequenas e médias empresas canadenses e mexicanas não conseguiram competir com as multinacionais dos EUA e foram eliminadas do mercado.
Além disso, vários especialistas acreditam que o NAFTA permitia aos EUA e Canadá aproveitarem os baratos recursos naturais e mão-de-obra mexicanos, o que aumentava a disparidade entre os países ricos do bloco (EUA e Canadá) e o México, que ainda está em desenvolvimento. Quanto às consequências para os EUA, os especialistas declaram que o acordo contribuía para o défice comercial e para a perda de empregos nos EUA.
Guerras comerciais e o fim do NAFTA
O atual presidente dos EUA, Donald Trump, reiteradamente se mostrou contra o NAFTA. Durante sua campanha eleitoral ele declarou que as condições do NAFTA deviam ser reconsideradas e em várias ocasiões mencionou a possibilidade de sair do tratado, considerando-o um "desastre" e "o pior acordo comercial da história".
Entretanto, Trump não queria pôr fim a todos os acordos comerciais com seus vizinhos mais próximos. No início de outubro, os EUA, o Canadá e o México firmaram o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), uma nova versão do NAFTA.
O USMCA pode ser considerado como uma vitória para Trump, porque o Canadá e o México aceitaram condições comerciais mais restritivas em relação ao seu principal destino de exportação. O USMCA, que vai vigorar durante 16 anos e deverá ser prorrogado a cada 6 anos, prevê que o Canadá abrirá seu protegido mercado de laticínios aos produtores norte-americanos. Além disso, o acordo dificultará às montadoras globais a construção de carros a preços reduzidos no México, o que vai favorecer a criação de mais empregos nos EUA.
Mais do que isso, o Canadá e o México concordaram em elevar os limites sobre os quais será aplicada taxação no comércio entre os Estados membros do acordo, uma das demandas-chave dos EUA.
O acordo deveria ser assinado em 30 de novembro nas margens da cúpula do G20 em Buenos Aires. Se o acordo for celebrado, começaria o processo de ratificação do USMCA em cada país signatário, o que levaria cerca de dois anos. Isso significa que o novo acordo comercial entre os EUA, o Canadá e o México entraria em vigor apenas em 2020.
Aço e alumínio?
Sem dúvidas, é bom que os líderes dos três países tenham conseguido chegar a um novo acordo comercial. O problema é que ele entraria em vigor daqui a dois anos, enquanto alguns problemas urgentes devem ser resolvidos o mais rápido possível.
Segundo o embaixador mexicano nos EUA, Gerónimo Gutiérrez, ele espera que as tarifas sejam abolidas ou, pelo menos, que o processo de abolição seja iniciado quando os presidentes dos três países se reunirem na Argentina para celebrar o novo acordo.
Pois, o encontro entre os três líderes deveria ter lugar em apenas alguns dias e o problema que ameaça sua celebração ainda não foi resolvido. Mesmo que os três países assinem o novo acordo comercial, levariam vários anos para avaliar suas vantagens e pontos fracos para cada país.