Na noite do domingo, o Serviço Federal de Segurança russo comunicou que três navios ucranianos, Berdyansk, Yany Kapu e Nikopol, que tinham entrado na área depois de um incidente com um rebocador ocorrido antes, acabaram detidos por ignorar as advertências russas. Durante a detenção, foram usadas armas, o que resultou em ferimentos graves de três militares ucranianos. Estes, por sua vez, logo receberam assistência médica e não correm risco de vida.
A Rússia iniciou um processo penal por violação da sua fronteira marítima, enquanto o estreito de Kerch foi fechado temporariamente para navios civis como medida de segurança. Já o Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia votou pela introdução da lei marcial por um prazo de 60 dias no território do país, iniciativa apoiada pelo presidente ucraniano, Pyotr Poroshenko. Agora, a decisão final cabe à Suprema Rada, que votará às 16 horas locais de hoje (12h00 de Brasília).
Em opinião do analista militar e professor da Universidade de Economia Plekhanov, Andrei Koshkin, expressa ao serviço russo da Rádio Sputnik, a decisão de violar a fronteira russa foi provavelmente tomada pelo próprio presidente ucraniano.
"Muito provavelmente, a violação da fronteira [russa] foi uma decisão do presidente ucraniano Pyotr Poroshenko e esta está relacionada com a agenda política interna, particularmente com a campanha eleitoral. Ele quer resolver o problema da sua falta de popularidade e, para ganhar as eleições, foi tomada essa decisão provocativa, que resultou na intenção de introduzir a lei marcial por 60 dias", argumentou ele.
Deste modo, destaca o especialista, Poroshenko tenciona ganhar mais um mandato "através da força".
O cientista político Vladimir Kireev, que também falou com o serviço russo da Rádio Sputnik, acredita igualmente que a provocação foi orquestrada precisamente pelo líder ucraniano.
"Sim, foi uma provocação deliberada com o objetivo de declarar a lei marcial e ulterior agravamento do conflito. Eu acredito que esta situação pode levar a uma escalada imprevisível. Independentemente da forma como eles querem gerir a situação — anunciar a lei marcial, cancelar as eleições para ficar no poder, cumprir suas obrigações perante seus patrocinadores em Washington ou em algumas outras capitais, ou criar problemas para a Rússia — essa situação pode evoluir para uma verdadeira guerra", destacou.
Aliás, continuou, o número de envolvidos no conflito pode aumentar. Já caso os ucranianos aproveitem a lei marcial para reaver a região de Donbass, isso "pode provocar o envolvimento da Rússia e uma confrontação direta entre Kiev e Moscou", concluiu.