A afirmação foi feita pelo presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, que alegou que, entre 2007 e 2013, as práticas irregulares do sistema bancário nacional inviabilizaram mais de US$ 50 bilhões em exportações de manufaturados.
Como resultado, continuou Castro em declarações publicadas pela Agência Senado, o país viu um aumento do processo de desindustrialização e a queda da entrada de investimentos produtivos no país.
"Temos grande déficit da balança comercial de manufaturados. Estamos há 11 anos estagnados, sem crescer a exportação. Queremos exportar mais, e espaço para crescer nós temos. Só que para exportar manufaturados, a taxa de câmbio é fundamental, e sem taxa competitiva não temos condição de competir no mercado internacional", pontuou.
Ainda durante a reunião, ocorrida na terça-feira na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) a pedido do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), lembrou-se que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) conduz 2 investigações sobre manipulação de taxas de câmbio e a formação de cartel dos bancos.
Entretanto, tanto o Cade quanto o Banco Central (BC) e a Federação Nacional dos Bancos (Febraban) não enviaram representantes ao encontro, apesar dos convites feitos pelos senadores, fato que gerou críticas por parte dos parlamentares presentes.
"Já há confissão de culpa de 7 bancos, com o pagamento de multas milionárias. Parece não haver dúvidas de que o cartel existiu, e os danos são irrefutáveis à economia brasileira […] se o convite não é o suficiente, vamos convocar para que a comissão possa ter o Cade e o BC", comentou Ferraço.
Para o advogado Bruno Oliveira Maggi, da KMM Advogados, que representa os exportadores, é preciso transparência por parte do Cade, uma vez que já existem confissões de que o cartel dos bancos existiu, e é preciso acesso às informações do caso para que ações judiciais possam ser iniciadas contra os responsáveis.
Segundo números da AEB, "os dados projetados para a balança comercial em 2018 mostram exportações de US$ 224,445 bilhões com aumento de 3,1% em relação a 2017, importações de US$ 168,130 bilhões com expansão de 11,5%, e superávit comercial de US$ 56,315 bilhões com queda de 15,9%".
Contudo, "pelo quinto ano consecutivo, as exportações brasileiras de manufaturados permanecerão estagnadas em patamar inferior aos valores de 2007, especialmente após a crise argentina deflagrada no final do 1º semestre".
"O cenário para 2019 não é animador, pois a Argentina, principal destino destas exportações terá baixo crescimento econômica e/ou recessão, elevada desvalorização cambial superior a 50%, déficit comercial, desemprego, etc., que reduzirão suas importações, afetando diretamente as exportações brasileiras de manufaturados", completa a associação.
Além da Argentina, os Estados Unidos é o principal comprador de manufaturados brasileiros.