"O aparelho GRAVITY nos permitiu ver pela primeira vez que aparência têm as nuvens de gás nos arredores do buraco negro no centro de outra galáxia. Nós mostramos que o gás de fato não permanece no mesmo lugar, mas gira ao redor de uma singularidade gigantesca", contou Eckhard Sturm do Instituto de Física Extraterrestre em Garching, na Alemanha.
Mistérios do universo
Os buracos negros supermaciços existem no centro de praticamente todas as galáxias. Diferentemente dos buracos negros surgidos em resultado da colisão de estrelas, eles têm uma massa vários milhões de vezes maior que a do Sol. Eles devoram periodicamente estrelas, outros corpos celestes e gás, lançando uma parte da matéria em forma de jatos relativísticos, ou seja, jatos extremamente poderosos de plasma que emergem dos centros de algumas galáxias ativas.
Nem todos os buracos negros se comportam de tal maneira. Por exemplo, o Sgr A* da nossa galáxia se destaca por seu apetite modesto e não tem jatos nem disco de acreção (estrutura formada por materiais difusos em movimento orbital ao redor de um corpo central).
Essas discussões eram apenas teóricas, devido à ausência de corpos celestes nos arredores do Sgr A*, até à aproximação da nuvem de gás G2 descoberta no início desta década.
Sturm e seus colegas completaram as observações, recebendo as primeiras fotos dos arredores do buraco negro no centro da galáxia 3C 273, o quasar mais brilhante no céu noturno, comunicou a revista.
Glutão espacial
O quasar 3C 273 se tornou o primeiro alvo do aparelho GRAVITY, que representa um sistema de computadores que une oito grandes telescópios óticos em um observatório virtual.
Os astrônomos conseguiram calcular a massa exata do buraco negro através da velocidade de rotação da nuvem. Viu-se que a sua massa é cerca de 260 milhões de vezes maior que a do Sol, o que coincide com as avaliações prévias recebidas com base na velocidade de rotação de estrelas nos arredores do 3C 273.
Espera-se que as observações seguintes dessa nuvem ajudem a descobrir como os buracos negros captam, comem e cospem matéria e o que faz com que ela se acelere até velocidades extremamente altas. As respostas a essas perguntas são muito importantes para entender o que espera o Universo e a nossa galáxia no futuro.