Por que drones iranianos assustam tanto vizinhos no Oriente Médio?

© Sputnik / Arash Dorudi Ababil-3 é o drone mais recente da indústria de defesa do Irã. O drone possui um motor de 4 cilindros a gasolina, autonomia de voo – 8 horas, altitude – 4500 metro, raio de ação efetivo – 250 km. O drone pode enviar dados tanto para uma base terrestre como para qualquer outra
Ababil-3 é o drone mais recente da indústria de defesa do Irã. O drone possui um motor de 4 cilindros a gasolina, autonomia de voo – 8 horas, altitude – 4500 metro, raio de ação efetivo – 250 km. O drone pode enviar dados tanto para uma base terrestre como para qualquer outra - Sputnik Brasil
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O portal i24news relatou, citando fontes na inteligência ocidental, que o Irã está na prática usando o Iêmen como polígono de testes para seus novos drones, fornecendo-os para os rebeldes houthis que combatem contra a coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita. Segundo a mídia, os drones iranianos são fonte de grande preocupação para Israel e EUA.

Em entrevista à Sputnik Persa, vários analistas comentaram "as novíssimas tecnologias" que o Irã alegadamente possui nesta área e as medidas os outros países poderão tomar para impedir os testes e o uso de drones iranianos no Iêmen.

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Para Boris Dolgov, especialista em assuntos árabes da Academia de Ciências da Rússia, a matéria do i24news não passa de propaganda anti-iraniana, sendo a preocupação da Arábia Saudita, dos EUA e de seu aliado Israel com os drones um pretexto par pressionar mais Teerã.

"Isso é evidente, pois os drones iranianos são feitos com base nos drones americanos capturados e não podem ser comparados com os drones tecnicamente mais avançados dos EUA e de Israel, fornecidos à Arábia Saudita. O fato de o Irã ter tais veículos não é novidade nem traz nenhuma ameaça. É um novo meio de combate que muitos países possuem, por isso a afirmação é uma evidente cortina de fumaça propagandista", comentou.

O ex-vice-ministro da Defesa e analista militar iraniano Ali Reza Akbari partilha a opinião sobre o caráter propagandista da publicação e acha que é "parte de uma guerra híbrida contra o Irã", iniciada por Israel e a Arábia Saudita. 

Akbari acredita que os drones iranianos não desempenham um papel importante no conflito no Iêmen, como a matéria do i24news quer mostrar, e dá as seguintes razões.

"Antes de tudo, dado o caráter do conflito, os rebeldes iemenitas não precisam de drones, mesmo para obter dados de reconhecimento sobre as ações da coalizão que estão combatendo. Segundo, mesmo que precisassem de drones, poderiam comprar veículos deste tipo em qualquer supermercado europeu, pelo menos para tirar fotos e gravar vídeos", disse o analista em entrevista à Sputnik Persa.

O ex-ministro da defesa também lembrou que os drones iranianos foram e continuam sendo desenvolvidos com base no drone norte-americano RQ-170, capturado por Teerã há cinco anos.

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Segundo Akbari, a suposta ameaça de veículos aéreos não tripulados iranianos no Iêmen faz parte de uma estratégia israelense-saudita que tem por objetivo distorcer a imagem do conflito no Iêmen.
Mas será que a Arábia Saudita, apoiada pelos EUA e Israel, sofre mais baixas do que a parte do conflito que a enfrenta? "Nenhumas conversas sobre drones e ajuda militar podem justificar as ações da Arábia Saudita e seus aliados para destruir o povo iemenita", opina Akbari.

Quanto às possíveis medidas de resposta, o analista duvida que no momento haja nações que possam iniciar ações militares contar o Irã. Segundo Akbari, o Irã é agora "o país mais defendido do ponto de vista militar e político" na região. Israel tem enfrentado ataques incessantes do Hamas e a Arábia Saudita se envolveu em uma guerra, estando preocupada em sair dela sem uma derrota clara ou, pelo menos, sem perder a face.

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Os Estados Unidos, embora sejam capazes de desencadear uma guerra local ou de plena escala não vão fazê-lo devido à instável posição do presidente Donald Trump no país.

"A política atual dos EUA em relação ao Irã pode ser descrita como 'assalto suave' ou 'sufocação lenta', mas esta política não traz resultados, porque o Irã continua respirando e seguindo seu curso. Em outras palavras, acho que na região não há força que possa desencadear uma guerra", concluiu.

O Iêmen se encontra em estado de guerra civil desde o final de 2014, quando as forças houthis lançaram uma ofensiva para tomar o poder das mãos do presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi. Desde março de 2015, Riad lidera uma coalizão de países árabes que vem realizando bombardeios contra posições dos houthis no país.

A guerra no Iêmen já deixou milhares de mortos e feridos e milhões de pessoas deslocadas.

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