Após as negociações entre os líderes na capital argentina, foi decidido que Washington não elevará as tarifas dos produtos chineses de 10% para 25% a partir de 1º de janeiro, enquanto Pequim concordou em comprar produtos agrícolas, industriais e recursos energéticos americanos.
"Trump tem a oportunidade de vender produtos agrícolas para a China, enquanto as negociações comerciais continuam", disse o ex-funcionário do Tesouro dos EUA, Brad Setser, em um comentário à Bloomberg.
Direito ao protecionismo
Os líderes do G20 reconheceram que a Organização Mundial do Comércio (OMC) necessita de uma reforma e que, em sua forma atual, não resolve as tarefas que se colocam, enquanto a declaração final do G20 pela primeira vez não menciona os perigos das políticas protecionistas.
Além disso, os membros da OMC insistem na necessidade de reuniões anuais para ajustar as práticas domésticas do tribunal.
Apesar das negociações ocorridas na Argentina terem sido classificadas como "muito bem-sucedidas", os especialistas não estão tão otimistas, especialmente no que diz respeito ao fim da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.
"A trégua alcançada na noite de sábado (1º) em Buenos Aires não permite resolver completamente as profundas contradições entre os dois países", escreve o The New York Times.
Segundo especialistas, Washington e Pequim interpretam o acordo argentino de forma diferente. Em particular, a Casa Branca enfatiza fortemente que a pausa durará apenas até 1º de março e, se o novo acordo de comércio sino-americano não for assinado, os EUA voltarão a aumentar as taxas.
"As partes propuseram uma série de planos construtivos sobre como resolver adequadamente os problemas e desacordos existentes", informa o Ministério das Relações Exteriores da China. Ambos os países "continuarão a trabalhar juntos para chegar a um acordo sobre as questões comerciais", diz-se no comunicado oficial chinês.
Corrida em círculo
A mesma situação ocorreu em maio, quando a Casa Branca anunciou que Pequim concordara em reduzir o superávit comercial e comprar bens americanos no valor de US$ 200 bilhões. A China respondeu vagamente através de uma declaração oficial sobre a intenção de continuar as negociações. Entretanto, no início de julho, os dois países aumentaram as tarifas.
Os analistas acreditam que isso acontecerá novamente assim que o prazo de 90 dias terminar.
"Nós adiamos as tarifas por noventa dias e, em troca, não obtivemos nada de novo", disse o especialista do Instituto Americano de Empreendedorismo (AEI) Derek Scissors, em um comentário ao New York Times.
"A guerra comercial não desapareceu, apenas mudou o formato", disse Anna Borova, analista sênior da Alpari, concluindo que, dentro de três meses, "a China estimulará ativamente sua economia e demanda interna, apoiando bancos e exportadores" e, quando o prazo acabar, o mundo verá uma nova onda de agressão comercial por parte dos Estados Unidos.