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Trégua na guerra comercial entre China e EUA pode causar prejuízo ao Brasil?

© Fotos Públicas / Palácio Piratini / Camila DominguesColheita de soja no Brasil (imagem referencial)
Colheita de soja no Brasil (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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Um acordo temporário acertado entre os presidentes de China e Estados Unidos paralelamente ao G20, definindo uma trégua de 90 dias no confronto comercial entre os dois países, tem gerado preocupações no Brasil sobre o possível impacto desse entendimento para a economia nacional. Mas, afinal, os brasileiros devem mesmo se preocupar?

O acordo em questão firmado por Donald Trump e Xi Jìnping prevê que os Estados Unidos não vão elevar de 10% para 25% as tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses na virada do ano, enquanto a China deverá aumentar a importação de produtos industriais, agrícolas e do setor de energia dos EUA.

Bandeira dos EUA junto a emblema nacional da China (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
'Cessar-fogo': EUA e China anunciam trégua de 90 dias para guerra comercial
Embora uma guerra comercial entre potências não seja algo interessante para a estabilidade mundial, a verdade é que as restrições entre Pequim e Washington ao longo dos últimos meses impulsionaram as exportações de soja brasileira para o mercado chinês. Fora isso, o Brasil também concorre com os EUA em outros setores. Assim, se os produtos americanos forem priorizados pela China, a situação pode se tornar incômoda para alguns exportadores brasileiros, sobretudo num momento em que o governo eleito, de Jair Bolsonaro, dá sinais de que quer maior alinhamento com os Estados Unidos, em detrimento de outros parceiros.

Para o economista e consultor empresarial Roberto Dumas, professor do Ibmec-SP, o Brasil, obviamente, precisa aproveitar essa janela de oportunidades que se abriu com a guerra comercial entre Washington e Pequim, mas de maneira cautelosa. Segundo ele, enquanto o novo governo deve tentar costurar acordos com a China e se aproximar dos EUA, o empresário brasileiro, por sua vez, não deve fazer uma aposta muito alta em uma situação que pode não durar muito tempo. 

"O problema aqui não é risco. O problema aqui é a incerteza absoluta, eu não sei para onde vai o barco", comentou ele em entrevista à Sputnik Brasil. 

Dumas acredita que a nova administração no Palácio do Planalto deve procurar manter o máximo de neutralidade possível em meio às disputas entre esses dois gigantes da economia mundial, de maneira a manter os ganhos brasileiros.

O embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang (à esquerda) e o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (à direita). - Sputnik Brasil
O que está em jogo na relação do governo Bolsonaro com a China?
"Por enquanto, o governo não falou nada, porque quem falou foi o presidente eleito. Então, teve até um artigo no China Daily, o jornal da China, falando que, do jeito chinês de colocar as coisas, é bom que nós tenhamos uma parceria de longo prazo. É bem verdade que o outro governo, que saiu, se distanciou dos Estados Unidos, ou eles se distanciaram de nós, e nós nos aproximamos da China. O que não quer dizer que eu posso continuar aproximado da China e não ficar com os Estados Unidos. Eu não preciso tomar posição nenhuma." 

Ainda de acordo com o especialista do Ibmec, independentemente das declarações polêmicas de Jair Bolsonaro sobre a China, não há como não destacar a importância primordial que os investimentos chineses têm para o Brasil atualmente. Ele acredita que os posicionamentos mais firmes contra Pequim por aqui foram uma espécie de "equívoco", que pode muito bem ser ajustado depois da posse. 

"O único que está investindo no Brasil são os chineses. Eu não quero que eles venham? Veja. Tá, você não quer que eu vá, eu não vou. Não tem problema, eu tenho outros lugares para ir. Quem está com dinheiro são eles."

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