Neste sábado, 8 de dezembro, a região da Tríplice Fronteira (Brasil-Argentina-Paraguai) sediou um evento que reuniu a direita brasileira e das Américas em contraponto ao Foro de São Paulo.
Organizado pelo filho do presidente eleito e deputado federal mais votado do país nas últimas eleições, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o evento voltado ao público "conservador" reuniu diversos políticos que ascenderam ao poder nas últimas eleições no Brasil e representantes da direita de outros países da América Latina, como o dissidente cubano Orlando Gutierrez e o venezuelano Roderick Navarro.
O evento também contou com a participação à distância do filósofo Olavo de Carvalho, que falou de sua casa nos Estados Unidos, via Internet.
"A prioridade agora tem que ser a mídia e as universidades. A produção cultural do Brasil foi 100% dominada pelos comunistas desde os anos 1960. Temos que investigar tudo, sobretudo as empresas de comunicação, que por 16 anos negaram a existência do Foro de São Paulo. Temos que derrubar essa hegemonia de qualquer maneira. Senão vão destruir o governo que o Brasil escolheu", disse o intelectual durante a parte audível do seu discurso que ficou comprometido pela baixa velocidade da conexão de Internet do evento.
Segundo o professor do Instituto de Economia da UFRJ, Numa Mazat, a Cúpula Conservadora das Américas foi uma tentativa da "direita conservadora nos costumes e ultraliberal na economia", de organizar um fórum alternativo aos espaços de discussão da esquerda.
"É interessante observar que nessa reunião encontramos representantes de vários países da América", disse ele.
Segundo o professor, os quatro eixos temáticos de discussão propostos para este sábado demonstram todo o escopo das atividades pretendidas pelo setor.
"Esses quatro eixos temáticos são: cultura, segurança, economia e política", explicou. Ou seja, existe uma ambição de discutir estratégias para esses quatro temas fundamentais.
Mazat destacou uma ênfase dada à cultura e política e comentou as participações de "intelectuais da direita conservadora das Américas", que deixaram claro o "diagnóstico de uma dificuldade da direita de apresentar uma frente cultural que poderia se opor à suposta dominação cultural na mídia e nas universidades da esquerda".
Esse diagnóstico não é novo, segundo o economista, e já era levantado na década de 1980 na Europa Ocidental, onde se empreendeu um esforço de buscar uma produção cultural conservadora.
Quanto à economia, no entanto, Mazat aponta uma maior variedade de posições na Europa, do que nas Américas, onde a tendência seria claramente liberal e dependente dos Estados Unidos.
"Há uma tentativa de regenerar a integração da direita conservadora de um modo diferente do praticado", acrescentou Mazat. "Estamos observando o deslize do espectro da direita para uma via mais radical e mais conservadora nas relações do Estado com religiões e nos costumes", concluiu.