Em entrevista a Sputnik Brasil, o general Viana Filho, Comandante da 22ª Brigada de Infantaria de Selva, conta que durante as ações foram apreendidos desde ativos minerais, como ouro, até fuzis que estavam em posse dos criminosos.
"Há um controle dos resultados obtidos durante o ano de 2018, de aproximadamente 1,8 milhões de reais, entre fuzis, pistolas, munição, celulares de última geração, material para garimpo e ativos minerais, como ouro, tantalita e mercúrio", explica.
O general Viana Filho conta que apenas nesta operação, realizada entre os dias 2 e 12 de dezembro, o prejuízo causado aos criminosos foi de cerca de 200 mil reais.
"O valor total de inutilização e apreensões foi de 200 mil reais, a maior parte foi material oriundo do garimpo ilegal. Também foram apreendidos e entregues a Polícia Federal material utilizado para refino de entorpecentes, em um local próximo da cidade do Oiapoque", conta.
Durante a Operação Keriniutu, quatro pessoas foram detidas e encaminhadas para a Polícia Federal. Os militares ainda apreenderam material para garimpo clandestino, como maquinário, gerador e material de mergulho, 58 g de ouro, algumas munições de caça e Cal 12.
Na avaliação do general Viana Filho, a maior dificuldade para o combate a esses tipos de crime está no tamanho da região e em suas características geográficas.
"A principal dificuldade é a vastidão da área de responsabilidade do Comando de Fronteira Amapá. Os rios encachoeirados dificultam o acesso aos locais dos ilícitos. A cobertura vegetal densa restringe a possibilidade de identificar as áreas degradadas. Além disso, quando a presença do Exército se intensifica, há um retraimento das atividades ilegais e torna-se difícil a prisão em flagrante", destaca.
De acordo com o comandante, os militares já conseguiram mapear o modus operandi desses criminosos, mas ele reconhece que ainda precisam de maior aprofundamento para dar mais efetividade as ações.
Vianna Filho conta ainda que há indícios de cooptação de indígenas para essas práticas criminosas, mas ressalta que até o momento não há comprovação da participação deles nesses grupos.
"Há indícios, mas sem comprovações até o momento. A imensidão da área e a diversidade de tribos e terras indígenas exigem investigações especificas, não se pode realizar uma única avaliação para todas as tribos e indígenas", ressalta.
Para acessar as áreas dos garimpos ilegais, os militares trabalharam com a infiltração por três vias: aérea, com o HM-3 Cougar; fluvial, com Guardians e EPG; e motorizada.
Além do combate aos crimes transfronteiriços, durante a Operação Keriniutu foi realizado uma Ação Cívico-Social na região. O General Viana Filho conta que moradores receberam atendimentos médicos e odontológicos.
"Além de combate aos crimes transfronteiriços e ambientais o Comando Fronteira Amapá/34º Batalhão de Infantaria de Selva realizou uma Ação Cívico-Social em cooperação com a FUNAI e apoio da SESAI, da secretaria de saúde da Prefeitura do Oiapoque, em um local de difícil acesso na Terra Indígena do Galibi, na Aldeia Kumarumã. Foram realizados atendimentos médicos e odontológicos além de orientação sobre manejo sustentável da terra e sobre higiene e saúde", explica.
Nas ações realizadas pela 22ª Brigada de Infantaria de Selva, o Exército Brasileiro conta com o apoio de diversas agências, como Polícia Federal, ICMBIO, Polícia Rodoviária Federal, FUNAI, SESAI, Receita Federal, IBAMA e PMAP.