Retirada das tropas dos EUA da Síria: por que acontece e será que é confiável?

© AP Photo / APTVMilitar estadunidense vigia área em veículo blindado na Síria
Militar estadunidense vigia área em veículo blindado na Síria - Sputnik Brasil
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Ao considerar as promessas eleitorais de Donald Trump e as futuras eleições presidenciais, vale esperar em breve a retirada das forças norte-americanas da Síria para reduzir os gastos orçamentais, declarou à Sputnik o especialista em política internacional dos EUA, Ali Reza Rezahah.

"A política externa dos EUA se baseia em quatro tradições ideológicas: Jeffersonismo, Hamiltonismo, Jacksonismo e Wilsonismo. Seu princípio fundamental é o uso de padrões duplos para o agrado de interesses nacionais, intervencionismo e isolacionismo. Trump segue o princípio de isolacionismo", disse o especialista iraniano à Sputnik Persa.

Forças dos EUA na Síria (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
Casa Branca declara que EUA iniciaram retirada de suas tropas da Síria
Segundo ele, ainda durante a sua campanha eleitoral, Trump se manifestou pela retirada das forças da Síria e criticou duramente a política de George W. Bush sobre a entrada de tropas no Iraque, chamando essa campanha militar de "desperdício de dinheiro americano".

"Para Trump essa estratégia é muito importante, especialmente perante as futuras eleições presidenciais", afirmou Rezahah, adicionando que o "desafio principal durante essas eleições será a questão econômica", sendo lógico que Trump reduza a presença do contingente militar americano, cortando os gastos para melhorar o orçamento e economia do país.

"Por outro lado, há a opinião de que, na verdade, os norte-americanos apenas estão se deslocando no Curdistão iraquiano da Síria. E isso sugere que os americanos querem se reforçar ainda mais no Iraque por causa do medo e ‘ameaça' da influência da República Islâmica do Irã neste país", ressalta o especialista.

Entretanto, ele sublinha que os "presidentes dos EUA geralmente se esforçam para cumprir as suas promessas eleitorais". Dado que Trump insistiu pela retirada de tropas da Síria, por isso, não se deve duvidar que isso aconteça em breve. "A bússola da política externa norte-americana [da presença e intervenção] está se movendo do Oriente Médio para mais adiante — ao Extremo Oriente", destacou.

Patrulha dos EUA na Síria - Sputnik Brasil
Especialista põe em dúvida retirada definitiva de tropas norte-americanas da Síria
Outro cientista político iraniano, Pir-Mohammad Mollazehi, comentando a retirada de tropas americanas da Síria, assinalou que o vetor da política externa de Trump exige reduzir ao mínimo a presença militar dos EUA no mundo.

O especialista pressupôs que foi concluído um acordo trilateral (entre Turquia e EUA, e EUA e Rússia), necessário para resolver a questão curda, especialmente perante as duras críticas do presidente turco, do apoio pelos EUA a agrupamentos militares curdos. Por isso, segundo ele, a decisão de Trump sobre a retirada das forças da Síria será realizada em breve.

"Se comparar com o Afeganistão, aqui há suas peculiaridades. Cedo ou tarde, os norte-americanos reduzirão o seu contingente militar no Afeganistão. Os EUA não querem se atolar ainda mais no conflito militar desse país sem se tornarem vencedores. Porém, a situação é tal que nem os americanos e nem as autoridades do Afeganistão não podem combater os talibãs, mas eles, por sua vez, não têm poder militar suficiente para chegar e tomar Cabul à força, e então criar seu próprio Emirado Islâmico do Afeganistão", disse Mollazehi.

Segundo o analista, a situação está em um impasse, mas ao contrário da Síria, no Afeganistão os EUA têm bases e estruturas inteiras que eles não desistiriam sob nenhuma circunstância. "Portanto, não se deve esperar uma retirada completa das tropas do Afeganistão, ao contrário da Síria: o número de contingentes militares só pode diminuir."

Os EUA precisam da presença no Afeganistão não por causa da situação no país, mas para reforçar suas posições contra os adversários e concorrentes, tais como Rússia, China e Irã, bem como para controlar a situação na região, concluiu o cientista político.

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