A notícia sobre os contatos de Saif al-Islam com o Kremlin é parte de uma história maior sobre o papel da Rússia no país devastado pela guerra, que se desintegrou depois que a revolta apoiada pela OTAN derrubou Muammar Kadhafi em 2011.
O líder de longa data foi sumariamente executado enquanto seu filho Saif al-Islam passou anos como prisioneiro de milícias na cidade de Zintan, no oeste da Líbia. O jovem Kadhafi há muito declarou sua intenção de concorrer à presidência da Líbia.
"Nossa posição é que ninguém deve ser isolado e excluído de um papel político construtivo", disse o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Bogdanov, à Sputnik nesta segunda-feira, em resposta à notícia. "Saif al-Islam tem o apoio de tribos específicas na Líbia e tudo isso deve ser parte do processo político geral".
De acordo com a Bloomberg, diplomatas russos conversaram com Saif al-Islam através de um link de vídeo logo após sua libertação pelas milícias em 2017. Seu representante também falou com Bogdanov no início de dezembro, explicando a visão de Kadhafi filho sobre o futuro da Líbia e pedindo apoio de Moscou. Autoridades russas não comentaram as alegações.
Bogdanov confirmou que Moscou mantém contato com vários grupos no país como parte do processo de paz.
A Líbia continua em crise quase uma década depois da intervenção do Ocidente. O seu governo, reconhecido pelas Nações Unidas em Trípoli, controla apenas uma pequena parte do país e tem de manter as milícias locais satisfeitas para mantê-las do seu lado. Outro centro de poder no leste está no controle dos campos de petróleo da Líbia, mas tem que negociar termos de exportações de petróleo com o governo para conduzir os negócios legalmente. Há também numerosas facções tribais mais profundas no sul, contrabandistas de armas, traficantes de seres humanos, combatentes jihadistas e outras forças.
O plano para realizar uma eleição presidencial este ano foi adiado devido à contínua luta entre os dois governos rivais da Líbia e agora o pleito está programado para o próximo ano.
Em novembro, o chefe do grupo de contato russo sobre assentamento intra-líbio, Lev Dengov, disse que Saif al-Islam é parte do processo político no país, pois há pessoas que apoiam tudo que é relacionado a Kadhafi, a quem parte da população ainda vê com saudosismo.