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Para onde vai o ativismo no país que mais mata ativistas?

© Foto / Camila Souza/GOVBAImagem em Salvador do projeto Mais Grafite, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Estado da Bahia (arquivo)
Imagem em Salvador do projeto Mais Grafite, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Estado da Bahia (arquivo) - Sputnik Brasil
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O Brasil é um dos países que mais matam ambientalistas, defensores dos direitos humanos e líderes de movimentos relacionados a conflitos de terra. Nesse cenário, declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, sugerindo o fim dos "ativismos" vem causando sérias preocupações sobre a segurança de movimentos sociais nos próximos anos.

O Brasil registra neste ano ao menos 24 assassinatos ligados a conflitos no campo. Embora o número de registros seja inferior às 71 mortes computadas em 2017, isso não representa uma queda na violência, segundo a Comissão Pastoral da Terra, responsável pelo levantamento. Fora isso, o país também lidera o ranking das mortes de ambientalistas, enquanto, em agosto, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos divulgou um comunicado manifestando "profunda preocupação" com os assassinatos de defensores de direitos humanos no Brasil. 

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De acordo com Mario Mantovani, diretor de Mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica, apesar da postura de intolerância ao ativismo demonstrada pelo novo governo, essa prática, que "está em tudo", não chegará ao fim por interesse de um homem. De acordo com ele, "o Brasil é um país de movimentos sociais muito fortes", com um grande histórico de resistências. O especialista acredita que, nos últimos anos, movimentos sociais passaram a ser malvistos por parte da sociedade brasileira principalmente a partir de uma reação à defesa dos direitos humanos e à luta pela terra. 

"Acho que a gente tem muito que avançar nisso. A sociedade responde a cada momento a estilos. E o estilo desta vez é um estilo extremamente negativo. Mas nós estamos falando de um processo civilizatório. Ainda temos muito que avançar", disse ele em entrevista à Sputnik Brasil. 

Para Lucia Xavier, coordenadora da ONG Criola, organização da sociedade civil com mais de 25 anos de trajetória na defesa e promoção dos direitos das mulheres negras, embora a democracia brasileira ainda não tenha alcançado toda sua maturidade, de alguma forma, a mesma se ampliou de forma significativa ao longo de três décadas. Ela destaca que todos os processos organizativos de ONGs no Brasil, por exemplo, foram feitos de acordo com uma legislação, sobre a qual também o futuro presidente, Bolsonaro, teve oportunidade de opinar. 

"Me parece que as organizações que atuam no campo dos direitos humanos não são organizações que estão contra uma determinada figura ou um determinado processo, mas estão contra a perda de direitos e, nesse sentido, todo esse debate precisa ser feito na sociedade", disse ela também à Sputnik. 

Ainda de acordo com Xavier, apesar da expectativa negativa para os ativistas em razão das posições da futura administração e do apoio de parte da população a essa rejeição aos movimentos sociais, "na prática, um governo não consegue levar tanto tempo uma disputa de narrativas dessa forma sem que a sociedade se organize contra". 

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