Uma ordem executiva no diário oficial do governo concedeu taxas mais baixas para impostos sobre valor agregado e renda em mais de 40 municípios na fronteira com os Estados Unidos, uma área que se tornou um ponto crítico das políticas do presidente norte-americano Donald Trump para deter imigrantes, incluindo a construção de um muro.
Os cortes de impostos de López Obrador poderiam reduzir a receita tributária do governo durante 2019, quando ele implementará um orçamento que busca usar cortes de gastos para ajudar a financiar novos projetos de bem-estar social e infraestrutura.
Em um evento em Monterrey, no norte do estado de Nuevo León, no último sábado, López Obrador disse que o salário mínimo na faixa norte dos municípios aumentaria para 177 pesos (US$ 9,00), quase o dobro do nível nacional, a partir de 1º de janeiro. Os valores seriam ajustados em pé de igualdade com os preços dos EUA.
"Este é um projeto muito importante para impulsionar o investimento e a criação de empregos", disse López Obrador a líderes empresariais.
O decreto busca dar uma vantagem às empresas mexicanas do norte, que competem com empresas sediadas nos EUA do outro lado da fronteira.
López Obrador prometeu aumentar o desenvolvimento econômico para impedir a migração para os Estados Unidos. Trump quer que fiquem no México os centro-americanos que buscam asilo nos EUA.
O plano dará às empresas da região créditos fiscais no valor de 50% das taxas de IVA. Empresas que podem mostrar que ganham mais de 90% de sua receita na área são elegíveis para um crédito de imposto de renda equivalente a um terço das quotas.
No mês passado, economistas do Citigroup estimaram que a receita fiscal mais baixa do norte mexicano poderia custar ao governo cerca de 120 bilhões de pesos (US$ 6,10 bilhões) por ano.
Uma câmara nacional de donos de empresas, a Coparmex, acolheu o decreto em uma declaração como uma medida "judiciosa" que poderia estimular o investimento na região.
O Partido de Ação Nacional, de centro-direita, a maior oposição à coalizão esquerdista de López Obrador no Congresso, declarou que o decreto é uma "fraude", já que ficou aquém de uma promessa de campanha para reduzir as taxas de impostos para os consumidores.
O líder do PAN, Marko Cortes, informou em um comunicado que os cortes nos impostos do IVA só beneficiariam "intermediários", e que não aumentaria o investimento, já que era um decreto presidencial que poderia ser removido a qualquer momento.