Segundo o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, Bahram Ghasemi, a ideia ventilada pelo novo governo brasileiro "não vai ajudar a paz, a estabilidade, a segurança e a recuperação dos direitos do povo palestino".
Ghasemi acrescentou que, apesar de tal indicativo já dado por Bolsonaro ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, "as relações com o Brasil eventualmente continuarão" por parte de Teerã.
Durante sua visita ao Brasil, que começou no último dia 28, Netanyahu declarou que, após a sua conversa com Bolsonaro, a transferência da embaixada brasileira para Jerusalém é apenas uma questão de tempo.
Maior parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio – destino de 24% das exportações brasileiras para a região em 2018 –, o Irã não é a primeira nação árabe a alertar Bolsonaro sobre o que pode representar uma mudança da embaixada.
Em dezembro, a Liga Árabe – grupo de 22 países da região – ponderou que a mudança da embaixada seria considerada um ato ilegal e que medidas políticas, diplomáticas e econômicas seriam tomadas em contrapartida à atitude brasileira.
Historicamente, o Itamaraty sempre compactuou com a tese de dois Estados para palestinos e judeus no Oriente Médio, com Jerusalém sendo repartida como capital das duas nações. Entretanto, Netanyahu defende que a cidade sagrada seja exclusiva dos israelenses.
Na sua trajetória política, Bolsonaro já adotou o tom crítico em relação ao Irã, que se aproximou consideravelmente do Brasil durante os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, entre 2003 e 2016.
IRÃ & BRASIL: Tirem suas conclusões. pic.twitter.com/VkuHB5Yczj
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 29 de maio de 2014
Apesar das hostilidades, o presidente iraniano Hassan Rouhani felicitou Bolsonaro logo após a sua eleição, no fim de outubro.