"A Rússia fez manobras na Venezuela. Sabemos que a intenção da ditadura de [Nicolás] Maduro e o Brasil tem que se preocupar com isso, declarou Bolsonaro em entrevista ao SBT.
"Nos últimos 24, 25 anos, nossas Forças Armadas foram abandonadas por uma questão política", acrescentou o ex-capitão do Exército Brasileiro.
Bolsonaro afirmou também que no Brasil as Forças Armadas são o "último obstáculo" para o avanço do socialismo.
Sobre a Venezuela, o presidente do Brasil foi além, dizendo que o ex-presidente Hugo Chávez conseguiu impor um regime de força, "corrompendo, subornando e desmoralizando as Forças Armadas", e que a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff (2011-2016) fez o mesmo no Brasil.
Em 10 de dezembro, dois bombardeiros estratégicos Tupolev Tu-160, um avião de transporte pesado Antonov An-124 e um avião de passageiros Ilyushin IL-62 da Força Aeroespacial Russa pousaram no Aeroporto Internacional Maiquetía Simón Bolívar, em Caracas, com uma centena de oficiais russos que participaram de exercícios militares conjuntos com seus pares da Venezuela.
Reforma da Previdência
Bolsonaro também falou sobre outros temas, como a Reforma da Previdência. De acordo com ele, parte do texto enviado no ano passado por Michel Temer deve ser aproveitado, mas vai "rever alguma coisa". A ideia seria fixar a idade mínima para se aposentar no Brasil de 62 anos para homens e 57 anos para mulheres, com um período de transição.
"O que pretendemos fazer é botar num plano da Reforma da Previdência um corte até o fim de 2022. Aí seria aumentar para 62 (anos) para homens e 57 (anos) para mulheres. Mas não de uma vez só. Um ano a partir da promulgação e outro a partir de 2022", comentou ao SBT. "O futuro presidente reavaliaria essa situação e botaria para o próximo governo 2023 até 2028, passar para 63, 64. É que quando você coloca tudo de uma vez só num pacote primeiro que você pode errar e a não queremos errar".
O presidente demonstrou temer a reação sobre a idade mínima – "a oposição vai usar os 65 anos para dizer que nós fizemos uma tremenda maldade com o povo. Nós não queremos isso aí" –, mas indicou que outros detalhes ainda serão definidos (o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve apresentar o projeto em um almoço nesta sexta-feira).
Bolsonaro ainda falou da possibilidade de acabar com a Justiça do Trabalho, já que há, segundo ele, um "excesso de proteção" ao trabalhador no Brasil.
"Está sendo estudado. Em havendo clima, poderíamos discutir e até fazer uma proposta […]. Empregado ganha pouco, mas a mão de obra é cara. É pouco pra quem recebe e muito pra quem paga, tem que mudar isso aí", declarou.
Caso Queiroz: 'Foi pra me atingir'
Bolsonaro também falou sobre o caso envolvendo o ex-policial militar Fabrício Queiroz, que foi assessor do seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), e movimentou R$ 1,2 milhão no que foi considerado um valor suspeito pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
O presidente afirmou que sabia que sabia que ele vendia carros e que "tinha rolo" – anteriormente, Bolsonaro havia dito que fez um empréstimo a ele de R$ 40 mil para justificar um depósito de R$ 24 mil na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, feito por Queiroz –, mas destacou que foi vítima de um vazamento. E que o ex-PM deve explicações.
"Todos têm que pagar se a movimentação foi irregular. Mas quebraram o sigilo dele sem autorização judicial e a potencialização do caso dele foi para me atingir", completou.