A atmosfera de Vênus ganha atenção de astrônomos há quase 60 anos, desde estudos de sondas soviéticas e americanas. Rapidamente, pesquisadores descobriram que capa protetora de Vênus é completamente diferente da do nosso planeta.
Por exemplo, a atmosfera de Vênus é extremamente densa e a pressão em sua superfície é quase cem vezes maior do que na Terra. A alta densidade faz com que o dióxido de carbono, que corresponde a uns 95% da massa do ar de Vênus, comporte-se como um fluído exótico, e também ocasiona uma série de efeitos incomuns.
Em particular, a atmosfera deste planeta gira 60 vezes mais rápido do que o próprio planeta, provocando ventos poderosos de 500 km/h. Além disso, o dia em Vênus é mais longo do que um ano no planeta, 240 e 224 dias terrestres, respectivamente.
Hiroki Kashimura, da Universidade de Kobe, e outros membros do grupo científico Akatsuki descobriram outra estrutura muito estranha através de imagens das camadas inferiores das nuvens de Vênus, que foram fotografadas com câmeras infravermelhas.
Pesquisadores, como indica Kasimura, não estavam muito interessados nas nuvens de ácido sulfúrico e, sim, na localização, na densidade e em outras características delas que mostram a direção e velocidade dos ventos na atmosfera de Vênus. Tais observações deveriam ajudá-los a descobrir o que acontece por trás das nuvens e a entender que processos climáticos estão ocorrendo na atmosfera do planeta misterioso.
Em vez disso, eles se depararam com outro enigma. Combinando as imagens dos últimos três anos, astrônomos japoneses descobriram que as regiões circumpolares e temperadas da atmosfera de Vênus possuem espirais gigantes, formadas por correntes rápidas de ar. O comprimento de cada "cauda" da espiral é de cerca de 10.000 km, já o diâmetro delas corresponde a centenas de milhares de metros.
Com os cálculos, os astrônomos entenderam como surgem as misteriosas espirais. Constatou-se que elas são geradas por dois fenômenos conhecidos por terráqueos: ventos polares de alta altitude, que coordenam o clima no nosso planeta, e a força inercial de Coriolis gerada pela rotação da Terra.
Curiosamente, os cálculos demonstram que as esperais deveriam existir na atmosfera de Vênus constantemente, mas na realidade não é assim. Como as observações da Akatsuki mostram, esses vórtices apareceram e desapareceram periodicamente, e a causa deste processo é desconhecida.
Pesquisadores esperam que mais observações da Akatsuki os ajudem a resolver esse mistério e a entender como essas espirais afetam o clima de Vênus hoje e como elas poderiam mudá-lo no passado.